ARQUIVO HISTÓRICO DO MUNICÍPIO DE ITAPORANGA D'AJUDA - CURADORIA: PROFESSOR ROBSON MISTERSILVA
ARQUIVO HISTÓRICO DO MUNICÍPIO DE ITAPORANGA D'AJUDA - CURADORIA: PROFESSOR ROBSON MISTERSILVA
Grupo folclórico Cacumbi
Grupo folclórico Samba de Coco da Ilha de Men de Sá
Grupo folclórico Caboclinhos
Procissão de Nossa Senhora d'Ajuda
Procissão de Senhor dos Passos
Aspectos Culturais do Município de Itaporanga D’Ajuda
Por Robson Santos Mistersilva
Itaporanga D’Ajuda tem uma história cultural bastante vasta e rica, com influência dos três povos principais que formaram a população deste lugar: portugueses, indígenas e africanos. Desde um passado remoto que o povo itaporanguense cultiva manifestações diversas, tanto no âmbito dos folguedos, como festas, tradições, crenças, etc. Algumas manifestações dessas se perderam no tempo: é o caso da Chegança, por exemplo. Os relatos de escritores locais, como Genolino Amado, revelam que era uma manifestação comum no início do século XX, na Vila de Itaporanga. Folguedo inexistente atualmente e pouco se sabe que houve este grupo folclórico no município. Outras correram o risco de desaparecer, mas na história recente foram resgatados. No decorrer das décadas de 1920, 1930 e 1940, Itaporanga viu surgir alguns grupos folclóricos de maior expressão no município: eram o famoso Reisado (Hoje, Reisado de Mestre Juarez), o Cacumbi do saudoso Mestre Zequinha, o Pastoril de Dona Dudé. Mas não eram os únicos folguedos existentes. No decorrer das décadas de 1980 e 1990, esses e outros grupos foram praticamente extintos.
O trabalho de resgate teve início com uma ONG chamada “Grupo Pedra Bonita”, que passou a realizar o “Encontro Cultural de Itaporanga”, tendo este mais de cinco edições, e que foi responsável pelo resgate dos grupos citados acima, já com a denominação também supracitada, bem como de outros: São Gonçalo, do Povoado Campos; Samba de Coco, da Ilha de Men de Sá; Pífano, de Mestre Dica; Lambe-sujos e Caboclinhos (este sendo dois grupos, um na sede do município e outro no povoado Duro, ambos com características distintas que vão desde a vestimenta até às músicas e tradicionalidade). Com o fim das ações da ONG “Pedra Bonita”, a realização do Encontro Cultural passou a ser do poder público. Na terceira gestão de César Fonseca Mandarino, foi constituída a Secretaria de Cultura (antes, a Cultura era uma pasta dentro da Secretaria de Educação) tendo a frente o Sr. Bráulio Lima, ator, diretor teatral e agente cultural de grande experiência no meio cultural do município. A este coube a continuação do resgate dos folguedos locais. Ao todos somam hoje, mais de 20 grupos, entre folclóricos, parafolclóricos, grupos de dança e teatro.
Podemos dividir essas manifestações em três categorias:
Os folguedos – com forte tradição no município. Tradição esta que retoma o século XIX (segunda metade). No livro “Memórias de Itaporanga”, de Robson Mistersilva, por exemplo, relata-se como ocorriam algumas manifestações folclóricas em tempos antigos:
Saíam no domingo anterior ou posterior a 24 de outubro. Levavam na cabeça a gurita, que era um fel vermelho. No Lambe-sujo tinha-se o rei, a rainha e a nêga.
Os Caboclinhos eram crianças de shorts vermelhos e o corpo pintado também de vermelho. Para isso usava-se um pó (terra-roxa). Usavam cocás de penas de aves e nas bordas do capacete um espelho.
Toda a população se dirigia às 15 horas até o “canto escuro”, onde se trocavam os combates e as prisões num curral.
MISTERSILVA, ROBSON. Memórias de Itaporanga: berço da história sergipana. Infografic: Aju, 2002.
Houve, no passado, em Itaporanga, outras manifestações folclóricas, além das citadas acima. Genolino Amado, que morou na Vila de Itaporanga no início do século XX, cita em suas memórias a existência da tradição da Taieira:
A mãe, Lucrécia, foi a negra mais bonita, de dentes mais brilhantes, de riso mais largo que já vi. Cria de bons senhores, prendada, bem educada, dançava taieira nas festas de Reis, saia engomada, turbante vermelho, o colo salpicado de pedrarias e colares, parecia uma rainha núbia. (Gilberto Amado, História da Minha Infância, p. 60)
As festividades religiosas – de forte tradição católica, a cidade registra inclusive em seu nome esse caráter – Itaporanga D’Ajuda, alusão à Padroeira Nossa Senhora D’Ajuda. São algumas das festividades religiosas do município: Festa da Padroeira Nossa Senhora D’Ajuda (2 de fevereiro), Festa de Senhor dos Passos, Festa de Nossa Senhora Santana e Santo Antônio. Além dos festejos natalinos. Dentro dessa categoria ainda podemos citar os folguedos ligados ao Ciclo do Menino Jesus: Reisado e Pastoril. Dentro dos festejos juninos inclui-se a tradição do Concurso de Quadrilhas.
As manifestações cênicas – como manifestações cênicas destacam-se a dança e o teatro. Na dança, inclui-se tanto a Capoeira, que figura entre esporte, dança e folguedo, como os grupos de danças como o Juventus, que possui grande currículo por todo o país. O teatro também é paixão antiga em Itaporanga. No início do século XX, conforme relatam as memórias de Gilberto Amado, havia um Teatro no município comandado pelo seu pai Melchisendech Amado e muito famoso na época entre a elite da cidade. Mais tarde, quando os intendentes passaram a administrar o município houve outro teatro – O Theatro Municipal – construído pelo intendente Theóphilo Martins Fontes. Contudo, o primeiro grupo de teatro de fato é a Companhia de Teatro Itapoart’s. Surgida em 2001, percorre todo o país em apresentações representando a terra itaporanguense e guarda em seus acervos prêmios importantes como o Myrian Muniz de Teatro e o Cenyn de Ouro.
Companhia de teatro Itapoart's
PARA SABER MAIS SOBRE A CULTURA DE ITAPORANGA D'AJUDA: