ARQUIVO HISTÓRICO DO MUNICÍPIO DE ITAPORANGA D'AJUDA - CURADORIA: PROFESSOR ROBSON MISTERSILVA
ARQUIVO HISTÓRICO DO MUNICÍPIO DE ITAPORANGA D'AJUDA - CURADORIA: PROFESSOR ROBSON MISTERSILVA
Igreja do Tejupeba. A palavra Tejupeba tem origem indígena (te'yu'pewa), sendo criada a partir da junção entre "teiu" + "peba", significando, respectivamente, "lagarto" e "achatado". Curiosamente, o nome científico do gênero "teiú" é "tupinambis", referência aos tupinambás, grupo indígena que entre outras regiões também ocupou o território onde hoje se encontra o município de Itaporanga D'Ajuda.
Os nativos que habitaram o território onde hoje se encontra o território de Itaporanga D'Ajuda deixaram forte influência na nossa cultura, desde hábitos culturais até palavras que denominam espaços: rio Irapiranga (Vaza-Barris), Povoado Tejupeba, Povoado Xinduba, Povoado Pariporé, entre outros.
O engenho Itaporanga aproveitou em sua denominação o nome pelo qual a região onde foi instalado era conhecida pelos nativos. Acredita-se que os abaüs tupinambás, grupo étnico que habitava o nosso município na época da chegada dos portugueses costumavam chamar este lugar de "Itaporanga", que significa "Pedra Bonita".
O prédio da antiga estação de trem de Itaporanga é o único registro da época na qual a cidade teve seu nome alterado de Itaporanga para Irapiranga (1944-1949)
História de Itaporanga (Resumo)
Por: Robson Santos Mistersilva
1.Origens
Segundo opinião generalizada o Município se ergue em terras outrora dominadas pelo chefe indígena Surubi. O núcleo demográfico, à margem direita do rio Vasa Barris, teve sua origem na Segunda metade do século XVI. Em 1575, Gaspar Lourenço, padre da Companhia de Jesus, aí fundou aldeia de catequese e edificou a igreja de Santo Inácio mais próxima do mar. A desconfiança indígena, gerada pela ganância dos colonizadores interrompeu, até 1590, a conquista da terra, que se vinha processando pacificamente.
Longo foi o período de lutas entre portugueses e indígenas, perdurando, inclusive, durante a ocupação holandesa. Os índios que habitavam essas terras pertenciam ao grupo Tupi e chamavam-se abaüs tupinambás, ou simplesmente tupinambás. Todavia, essa povoação fundada pelo padre Gaspar de Lourenço não vai dar origem ao município de Itaporanga. A povoação irá terminar um ano após sua edificação devido a uma Guerra Justa que irá travar-se entre os índios de Itaporanga e os portugueses. Entretanto, mesmo terminando a povoação, a terras de Itaporanga continuou habitada por portugueses, mesmo não havendo conquista ou colonização das terras. O local onde se desenvolveram o combate descrito acima durante muito tempo causou divergência entre historiadores e curiosos, até que Sebrão Sobrinho, notável historiador sergipano do século XX, acabou com o mistério, revelando que esse combate, bem como a continuação da povoação, ocorreu na região que na época denominava-se Santo Antônio dos Campos do Tejupeba, que hoje corresponde à áreas dos povoados Tejupeba e vizinhança. A versão de Sebrão Sobrinho é a mais aceita atualmente e fora bastante divulgada através do livro Memórias de Itaporanga, do escritor itaporanguense Robson Mistersilva.
2. A povoação continuada
A povoação continuou mesmo após o fim da Povoação de Santo Inácio, através da doação de sesmaria. Desde 1576 que a Povoação de Santo Inácio não existia mais. A partir de 1590, as terras dessa antiga povoação passou a fazer parte da Cidade de São Cristóvão.Contudo, o perigo de habitar terras indígenas fez de Itaporanga um território pouco habitado, com exceção das áreas do Santo Antônio dos Campos do Tejupeba,onde havia ação catequese da companhia de Jesus, na Igreja e Sobrado do Tejupeba.
Para acelerar a povoação, em Sergipe como um todo, desde 1590 que tem início a doação de terras, chamadas Sesmarias. a primeira carta da sesmaria de Itaporanga foi dada pelo governador da Bahia a Pedro de Lomba, em 11 de novembro de 1600. Curiosamente o ‘baiano’ não toma posse das terras e em julho de 1601 elas foram repassadas para Nuno do Amaral. Ele também não tomou posse. Um ano depois, Itaporanga é entregue outras duas vezes a Sebastião Silva, a Gaspar Amorim e a Francisco Borges. Eles também nem chegaram por lá. Outras duas cartas de sesmarias foram dadas, mas ninguém conseguiu ocupar. A explicação confiável para a não ocupação das terras que hoje são Itaporanga é a resistência dos índios sob o comando de Surubi. Eles não aceitavam a escravidão e o roubo de suas férteis terras. Até quando Sergipe foi invadido pelos holandeses, os índios resistiram. Depois da expulsão, os portugueses voltaram à região e a identificaram como estratégica (militar e econômica) por conta do Rio Vaza-Barris.
Apesar da resistência dos índios, Francisco de Sá Souto Maior tomou posse efetivamente das terras de Itaporanga em dezembro de 1753. Os índios se retiraram e se refugiaram em uma grande povoação chamada Aldeia de Água Azeda. Francisco de Sá montou um grande engenho, o Itaporanga. Lá também existiam grandes plantações de mandioca. No Vaza-Barris, vários portos foram construídos para escoar a produção. No final da segunda metade do século XVIII existiam em Itaporanga dez engenhos.
Outros focos populacionais em Itaporanga foram surgindo antes mesmo da expulsão definitiva dos nativos de nossas terras. Como vimos, desde o início do século XVII, os Campos do Tejupeba já possuía ação jesuítica, que culminou com a construção da Igreja de Santo Antônio dos Campos do Tejupeba (de acordo com Sebrão Sobrinho), hoje Igreja do Tejupeba, mas que segundo Douglas Leoni Silva (2024), foi consagrada a Nossa Senhora da Graça.
Além da região do Tejupeba, por volta de entre 1650 e 1670, a região do Olho D’Água, que pela geografia atual localizamos entre os povoados Telha e Tapera, segundo Antônio Conde Dias e reafirmado por Kátia Loureiro, houve um eco populacional responsável pela construção do Engenho Dira e sua manutenção.
Antes também da chegada de Francisco de Sá Souto Maior, de acordo com Douglas Leoni, uma documentação já atestava haver o Engenho Camaçari em Itaporanga em 1737.
Contudo, é a partir de 1753, com o Engenho Itaporanga que a ocupação de Itaporanga irá acelerar.
3. Evolução: Emancipação, nomes e datas
Em 30 de janeiro de 1845, por força da Lei provincial n.° 135, a antiga povoação pertencente a São Cristóvão é transformada em freguesia sob a invocação de Nossa Senhora da Ajuda, ficando desmembrada da de Nossa Senhora das Vitórias. Uma freguesia significava que Itaporanga agora tinha padroeira própria. Mas ainda pertencia a São Cristóvão.
Nove anos depois, já em 10 de maio de 1854 (Lei provincial n.° 383), a freguesia passa a ser vila apenas com o
nome de Itaporanga(ita-pedra, poranga - bonita). O interessante é que essas duas mudanças provocaram um racha muito grande em São Cristóvão, que perdia força, e que acabou provocando a mudança da capital para Aracaju. Com o desmembramento da freguesia de Itaporanga, os Liberais, comandados pelo Barão de Maruim, conseguiram afastar os Conservadores das decisões políticas da província.
Recebeu foros de cidade de Itaporanga por determinação do Decreto-lei estadual n.º 69, de 28 de março, de 1938.
Em 1944, atingido pela legislação federal que proibia duplicidade de nomes, passou a se chamar Irapiranga por determinação do Decreto-lei estadual n.° 533. A partir de 1.° de janeiro de 1949 adotou a denominação de Itaporanga d'Ajuda por força da Lei estadual n.° 123. É comarca desde 1.° de janeiro de 1949, de acordo com a Lei n.° 123.
Itaporanga D'Ajuda tem o dia 28 de março, data que faz referência ao foros de cidade adquirido em 1938, para comemorar o Dia do Orgulho Itaporanguense, uma data para celebrar as maravilhas do nosso município.
Outra data importante para a história da cidade é o dia 10 de maio, data em que se comemora a Emancipação Política do Município.
mapa registrando a linha de férrea em Irapiranga, atual Itaporanga D'Ajuda.