ARQUIVO HISTÓRICO DO MUNICÍPIO DE ITAPORANGA D'AJUDA - CURADORIA: PROFESSOR ROBSON MISTERSILVA
ARQUIVO HISTÓRICO DO MUNICÍPIO DE ITAPORANGA D'AJUDA - CURADORIA: PROFESSOR ROBSON MISTERSILVA
DOCUMENTO
A04440C
Poema do itaporanguense Antônio Teixeira Fontes, publicado no Jornal Folha de Sergipe, em 05 de janeiro de 1908, com o pseudônimo de Dr. Vagas. Ele, que era um grande e influente desembargador sergipano, escrevia suas produções literárias com uso de pseudônimos.
DOCUMENTO
A04440B
Poema do itaporanguense Antônio Teixeira Fontes, publicado no Jornal Folha de Sergipe, em 01 de janeiro de 1908, com o pseudônimo de Dr. Vagas. Ele, que era um grande e influente desembargador sergipano, escrevia suas produções literárias com uso de pseudônimos.
DOCUMENTO
A04440A
Batismo na Capela do Belém
DOCUMENTO
A04440P
Exoneração do juiz municipal José Francisco da Silva Costa - Vila de Itaporanga (1930)
Fonte: Relatorios dos Presidentes dos Estados Brasileiros (SE) - 1891 a 1930
DOCUMENTO
104440A
Delegacia de Polícia (Itaporanga - 1930)
Fonte: Relatorios dos Presidentes dos Estados Brasileiros (SE) - 1891 a 1930
DOCUMENTO
104440B
Relatório apresentado ao Vice-Presidente da República dos Estados Unidos do Brasil por Felisbelo Firmo de Oliveira Freire, Ministro de Estado das Relações Exteriores, em junho de 1893
DOCUMENTO
104440C
DOCUMENTO
104443C
Registro de Estrangeiros em Sergipe - Nicola Mandarino
DOCUMENTO
A02940P
Matrimônio de José Sobral Garcez com Beatriz Botto Sobral (1911)
DOCUMENTO
A02240P
Batizado de Getúlio Sávio Sobral, filho de Manuel Sobral e Laurinda Conde Sobral, e pai do ex-prefeito Otávio Sobral
DOCUMENTO
A03040P
Diploma de membro da Sociedade Brasileira de Folk Lore recebido de seu presidente Luís da Câmara Cascudo em 11 de nov. de 1951. Fonte: Acervo Particular de Sílvia Carolina P. Garcez Aragão.
DOCUMENTO
B034TG0
Letra da Canção "Nossa Senhora D'Ajuda", de José Pereira de Andrade (Zé do Lenheiro), registrada em 2004, no Cartório do 10º Ofício
DOCUMENTO
A00040Y
Artigo de autoria de Francisco José Alves, o abolicionista itaporanguense, publicado em O Descrido (1882), pedindo ao Sr. Presidente e ao Sr. Inspetor da Tesouraria da Fazenda intermediação nas negociações para a libertação de escravo na Vila de Itaporanga.
DOCUMENTO
A00049Z
Carta de Thomaz Antonio de Villanova Portugal para o conde de Palma, expôs comunicando que o rei atendendo ao que expões através de oficio sobre o requerimento de Domingos Dias Coelho e Mello, tenente coronel efetivo do Regimento de cavalaria miliciana de Sergipe d´El Rei, solicitando o posto de coronel que estava vago no seu Regimento, resolveu determinar que procedesse a proposta do dito “corpo” na forma da lei.
DOCUMENTO
A00048Z
Folha inicial da Diligência de Domingos Dias Coelho (não é o mesmo que seria o Barão de Itaporanga, mas seu antepassado de mesmo nome) quanto à sua candidatura a Familiar do Santo Ofício
DOCUMENTO
A00047Z
Documento assinado pelo futuro Barão de Itaporanga, Domingos Dias Coelho e Mello, no processo de naturalização brasileira de Pedro Henrique Bergen (1822).
DOCUMENTO
A00046Z
levantamento gráfico da deterioração das ruínas da Igreja do Itaperoá
DOCUMENTO
A00045Z
lápide de José Severino de Souza Bastos (1895), localizada na Capela do Itaperoá
DOCUMENTO
A00044Z
DOCUMENTO
A00043Z
Decreto de Tombamento do Antigo Engenho Camaçari
DOCUMENTO
A00042Z
Documentos referentes ao processo de tombamento da Fazenda Tejupeba e Colégio pelo IPHAN
DOCUMENTO
A00041Z
Escravo fugido do Antigo Engenho Buraco, em Itaporanga (1847) - Correio Sergipense
DOCUMENTO
A00040Z
Propaganda da Fazenda Yolanda (Tejupeba), de Nicola Mandarino (1933)
DOCUMENTO
A00040Z
População de Itaporanga (1933)
DOCUMENTO
A00039Z
Notícia de jornal, com indicação de que Felisbelo Freire era presidente do Clube Republicano de Itaporanga
DOCUMENTO
A00038Z
Escrava pertencente a Domingos Dias Coelho e Mello tenta o suicídio e o infanticídio de seu filho de dez meses.
Transcrição
Auto de corpo de delito
directo
Anno do Nascimento de Nosso
Senhor Jesus Christo de mil oitocen-
tos e quarenta e sete aos desaceis dias di-
as do mes de novembro do dito anno-
nesta povoação da Itaporanga ter-
mo da Cidade de São Christovão de
Sergipe de El Rei em Casa do Co-
ronel Domingos Dias e
Mello onde foi vindo o subdele-
gado o Cidadão Antonio Mar-
tins Fontes commigo escrivão de
seu Cargo ao diante nomiado
para efeito de proceder a corpo de
delito direto im huma iscrava que
contra si propria tentava hum s-
uicidio i di hum filho da mesma que
também se achava firido, de idade
de des meses não achando a dita is-
crava por no mesmo instante si
arrependido passou o mesmo sobdelegado a
proceder o izame na
pessoas do íntendido filho{...]
Referência Arquivística:
SCR/C.1ºOF - Corpo de Delito
– Cx. 01-97
DOCUMENTO
A00036Z
Prestação de Contas da Capela de São José do Quindongá, pertencente ao Engenho Quindongá - 1798
DOCUMENTO
A00035Z
Registro Católico encontrado em Igreja do Rio de Janeiro contendo o registro do enterro de Felibelo Freire: 7 de maio de 1916
DOCUMENTO
A00034Z
Certidão de nascimento da neta de Felisbelo Freire
DOCUMENTO
A00033Z
DOCUMENTO
A00032Z
DOCUMENTO
A00031Z
GOVERNO DE ARNALDO GARCEZ, NOTÍCIAS DE 1952, 1953 E 1954
DOCUMENTO
A00030Z
DIPLOMAÇÃO DE ARNALDO ROLLMEBERG GARCEZ COMO GOVERNADOR (1951)
DOCUMENTO
A00029Z
RESENHA DOS ACONTECIMENTOS POLÍTICOS (1950) COM RESULTADOS DA ELEIÇÃO DE ARNALDO R. GARCEZ
DOCUMENTO
A00028Z
Antigos santinhos de eleições municipais (1976 e 1981)
DOCUMENTO
A00027Z
A Antiga Capela de Nossa Senhora D'Ajuda é elevada à Categoria de Igreja Matriz (1833) - Fonte: O Recompilador Sergipano
DOCUMENTO
A00026Z
Informação sobre a Invasão dos Tenentista em Itaporanga (2 de agosto de 1922)
DOCUMENTO
A00026Z
Itaporaga (1923)
DOCUMENTO
A00026Z
Itaporanga (1921)
DOCUMENTO
A00026Z
Itaporanga na Divisão Administrativa de Sergipe dos anos de 1920
DOCUMENTO
A00025Z
Relatório sobre epidemias em Itaporanga nos anos 1920
DOCUMENTO
A00024Z
Carta de Felisbelo Freire, 01 de dezembro de 1896, ao Joaquim Xavier da Silveira Junior, sobre um pedido de ajuda para que interceda para que o seu amigo Teixeira seja chefe de polícia na delegacia da 1ª circunscrição.
DOCUMENTO
A00023Z
Carta de Felisbelo Freire, 11 de dezembro de 1896, ao Joaquim Xavier da Silveira Junior, sobre um pedido que havia feito antes, de ajuda ao seu amigo Teixeira. Provavelmente, sobre o mesmo pedido feito na carta do dia 01 de dezembro de 1896, pedindo que interceda para que Teixeira seja chefe de polícia na delegacia da 1ª circunscrição.
DOCUMENTO
A00022Z
Carta de Thomaz Antonio de Villanova Portugal para o conde de Palma, expôs comunicando que o rei atendendo ao que expões através de oficio sobre o requerimento de Domingos Dias Coelho e Mello, tenente coronel efetivo do Regimento de cavalaria miliciana de Sergipe d´El Rei, solicitando o posto de coronel que estava vago no seu Regimento, resolveu determinar que procedesse a proposta do dito “corpo” na forma da lei.
DOCUMENTO
A00021Z
Em 1949, Genolino Amado junto com outros autores teatrais, Guilherme de Figueiredo, Joracy Camargo e Bastos Tigre estrearam no Teatro Jardel, a revista dos dez autores, a peça "Brotinhos e Tubarões". O Teatro Jardel fundado por Geysa Gonzaga de Bôscoli foi pioneiro em 1948 criando o primeiro teatro de "bolso" situado na Av. N. S. de Copacabana, esquina com a Rua Bolívar. Geysa Gonzaga de Bôscoli era um advogado que a partir de 1927 dedicou-se inteiramente a criação de roteiros e letras musicais voltadas, sobretudo, para o teatro de revista. Ele integra a dinastia de importantes nomes, sobrinho de Chiquinha Gonzaga, irmão de Jardel Jércolis e Héber de Bôscoli, pai do ator Jardel Filho e tio do músico arranjador Ronaldo Bôscoli, pai de Marcelo Bôscoli. Apresentaram-se no palco do Teatro Jardel de Copacabana, Silveirinha, Badaró, Colé Santana, Dedé Santana, Costinha, Nélia Faria, Renata Fronzi, Wilza Carla, Carlos Gil, Rose Rondeli, Agildo Ribeiro, Haroldo Costa e outros. Em 1949 o teatro transferiu-se para o posto seis da Av. Atlântica 3680 e durou até 1959. Em 1954 foi apresentado a comédia o “Auto da Compadecida”, de Ariano Suassuna, onde Agildo Ribeiro interpretava o João Grilo. Em 1957 durante as apresentações da revista "Tutú A Mineira", Carlos Gil se separa de Rose Rondeli para se casar com Wilza Carla. No elenco de "Brotinhos e Tubarões" também estava Dercy Gonçalves, a peça idealizada por Luís Peixoto foi êxito de crítica, Paschoal Carlos Magno escreveu: "Renata Fronzi (que estreava como vedete) vale sozinha todo o espetáculo".
DOCUMENTO
A00020Z
Jornal da Cidade, 30 de outubro de 1975
DOCUMENTO
A00011Z
Clube Republicano de Itaporanga - Notícias - Jornal O Republicano (1888)
DOCUMENTO
A00001Z
Jornal A Reforma, 1887
DOCUMENTO
A77581Z
Violência na Vila de Itaporanga assusta dos poderosos (1887) - Jornal A Reforma
DOCUMENTO
A35581Z
Jornal do Aracaju (1877)
DOCUMENTO
A344A8
Limites da Povoção de Itaporanga (1836)
DOCUMENTO
A326A8
Noemações para a Delegacia da Vila de Itaporanga (1866)
DOCUMENTO
A452A8
Criação do Foro Civil da Vila de Itaporanga (1866)
DOCUMENTO
A442A8
Falecimento do Subdelegado de Itaporanga (1864):
DOCUMENTO
A022A8
Mensagem - Comendador Antônio Dias Coelho e Mello (1864)
DOCUMENTO
A025A8
Eleição para Vereadores e Juízes de Paz na Vila de Itaporanga (1864)
DOCUMENTO
A111A8
Obras públicas autorizadas na Vila de Itaporanga (1864)
DOCUMENTO
A221A8
Novas informações da Passagem de D. Pedro II pela Vila de Itaporanga (1860)
DOCUMENTO
A001A8
Eleitores de Itaporanga (1861)
DOCUMENTO
A579A3
DOCUMENTO
A559A3
Esforços movidos pela Câmara Municipal para a construção de um cemitério na Vila de Itaporanga (1856)
DOCUMENTO
A899A3
DOCUMENTO
A369A3
DOCUMENTO
A369A3
DOCUMENTO
A010A3
Edital e mensagem para apuração da primeira eleição para vereadores na Vila de Itaporanga:
DOCUMENTO
A264A3
Lei Provinçal - Criação da Vila de Nossa Senhora D'Ajuda do Itaporanga
DOCUMENTO
A664A3
Mensagem enviada ao Juiz de Paz da Freguesia de Itaporanga, Antônio Martins Fontes (1854)
DOCUMENTO
A114A3
Anúncio de prisão na Freguesia de Itaporanga (1853) de escravo fugido da Província de Pernambuco
DOCUMENTO
A854A3
Eleição para Juiz de Paz em Itaporanga (1852)
DOCUMENTO
A854A3
Anúncio: Serviços médicos em Itaporanga (1851)
DOCUMENTO
A334A3
Lei provinçal - Criação da Freguesia de Nossa Senhora D'Ajuda do Itaporanga
DOCUMENTO
A874A3
1909:
DOCUMENTO
A954A3
1908:
DOCUMENTO
A654A3
1933:
DOCUMENTO
A254A3
ITAPORANGA (1925)
ITAPORANGA (1926)
ITAPORANGA (1930)
DOCUMENTO
A244A3
ESCOLAS ISOLADAS EM ITAPORANGA (1918)
DOCUMENTO
A0124A3
ITAPORANGA EM 1915
DOCUMENTO
A0111A3
Itaporanga em 1904:
DOCUMENTO
A0111A3
Ano: 1903
Cadeiras públicas de ensino primário vila e povoado Tinga:
DOCUMENTO
A0121A3
Ano 1902 e 1903: Demonstrativo das entradas de embarcações
Fonte: Relatórios dos Presidentes dos Estados Brasileiros (SE)
DOCUMENTO
A2341A3
Ano 1902:
Fonte: Relatórios dos Presidentes dos Estados Brasileiros (SE)
DOCUMENTO
A4141A3
Ano 1900:
Ano 1903:
Fonte: Relatórios dos Presidentes dos Estados Brasileiros (SE)
DOCUMENTO
A1471A3
DOCUMENTO
A1001A3
Batizados acontecidos em Itaporanga, na Matriz e na Capela do Camaçari (1929)
DOCUMENTO
A0001A3
Carmélia Martucelli nasceu em 11 de fevereiro de 1916, em Itaporanga D'Ajuda, Sergipe, Brasil, seu pai, Giuseppe Antonio Martuscelli, tinha 53 anos e sua mãe, Maria Marcolina dos Santos, tinha 33 anos. Ela faleceu em 1 de março de 1988, em Aracaju, Sergipe, Brasil, com 72 anos, e foi sepultada em Cemitério São João Batista, Aracaju, Sergipe, Brasil.
DOCUMENTO
A1141A3
RESULTADO DAS ELEIÇÕES MUNICIPAIS DE ITAPORANGA: DE 1947 A 1996 *
*O material de onde extraímos as informações não traz o resultado de alguns pleitos. Mas, há documentos diversos neste site que completam as lacunas existentes.
1947 - PREFEITO ELEITO: MIGUEL PEREIRA COSTA
1951 - PREFEITO ELEITO: MANOEL CONDE SOBRAL
1954 - PREFEITO ELEITO: JOSÉ SOBRAL GARCEZ FILHO
1958 - PREFEITO ELEITO: ANTÔNIO CONDE SOBRAL
1970 - PREFEITO ELEITO: LOURIVAL PEREIRA SOBRAL
1972 - PREFEITO ELEITO: ANTÔNIO FRANCISCO SOBRAL GARCEZ
1976 - PREFEITO ELEITO: EMANOEL SILVEIRA SOBRAL
1982 - PREFEITO ELEITO: ARNALDO ROLLEMBERG GARCEZ
1988 - PREFEITO ELEITO: ANTÔNIO SILVEIRA OLIVEIRA
1992 - PREFEITO ELEITO: ARNALDO ROLLEMBERG GARCEZ
1996 - PREFEITO ELEITO: CÉZAR FONSECA MANDARINO
DOCUMENTO
A8581A3
MENSAGEM DE ANO NOVO DE MANOEL CONDE SOBRAL, PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DE SERGIPE, PUBLICADA NO JORNAL DA CIDADE, EM 1985
DOCUMENTO
A2561A3
JORNAL DA CIDADE, 30 DE NOVEMBRO DE 1972: 1º FESTIVAL DO COCO EM ITAPORANGA D'AJUDA
DOCUMENTO
A2581A3
Jornal da Cidade, 29 de novembro de 1972, traz a notícia da vitória nas eleições em Itaporanga: Francisco Sobral Garcez é eleito prefeito.
DOCUMENTO
A4481A4
Lista de batizados, cidade de Itaporanga (1938)
DOCUMENTO
A9981A4
Lista de batizados, Vila de Itaporanga (1907)
DOCUMENTO
A781A4
Registro do livro de casamento de José Martucelli e Maria Marculina dos Santos, em 14 de maio de 1922. Celebrou a união o reverendo Frei Bernardo Kolbeck, sendo testemunhas Felisbello Rodrigues de Oliveira e e Guilherme de Oliveira.
José Martucelli aparece como padrinho de batismo, em 1907.
DOCUMENTO
A641A4
DOCUMENTO
A771A4
DOCUMENTO
A022A4
DOCUMENTO
A021A4
DOCUMENTO
A000A2
DOCUMENTO
A036A2
DOCUMENTO
A111A1
DOCUMENTO
A001A2
DOCUMENTO
A214A2
DOCUMENTO
A250A1
DOCUMENTO
A012A1
DOCUMENTO
Z987A1
REGISTRO DE CASAMENTO DE NICOLA MANDARINO (16 DE AGOSTO DE 1917)
REGISTRO DE BATISMO DE MILENA MANDARINO, PRIMEIRA FILHA DE NICOLA MANADRINO (NASCIDA EM 1915)
DOCUMENTO
Z012A2
Matéria na Revista Carioca, em edição de 15 de junho de 1946, sobre a obra Vozes do Mundo, de Genolino Amado
DOCUMENTO
Z007A7
Autógrafo de Genolino Amado na folha de rosto de uma edição de O Reino Perdido.
DOCUMENTO
Z220A7
Fragmento do livro O Reino Perdido, de Genolino Amado
DOCUMENTO
Z880A2
Transcreve depoimentos de anônimos, entrevistados na rua, a respeito de 8 nomes famosos: Valido, jogador do Flamengo; Guilherme Guinle, presidente da CSN; Portinari, pintora; Cesar Ladeira, diretor da Rádio Mayrink Veiga; Genolino Amado (itaporanguense), cronista e ensaista; Leitão da Cunha, reitor da Universidade do Brasil; Dulcina de Moraes, atriz de teatro e Augusto Frederico Schmidt, poeta.
Fonte: https://www.portinari.org.br/en/archive/bibliographic/39352/o-homem-da-rua-depoe-sobre-8-nomes-famosos
DOCUMENTO
Z120A4
Carteira de Trabalho de Antônio Conde Dias, em seu primeiro emprego como Coletor Federal
DOCUMENTO
Z220A4
Capa da obra Quadros da Vida, de Antônio Conde Dias (1991)
DOCUMENTO
Z850A4
Fragmento da letra do hino de Nossa Senhora d'Ajuda, de Antônio Conde Dias
TRANSCRIÇÃO:
HINO DA PADROEIRA, NOSSA SENHORA D'AJUDA
Letra de Antonio Conde Dias - Música do Maestro Genaro Plech
Terra nobre, pujante e querida,
Neste dia de glória e louvor,
Vem render grandiosa homenagem
A Excelsa Rainha do Amor.
Há cem anos ditosa e subline,
A cobrir de louvor nossa história,
A Senhora da Ajuda derrama
Sobre nós o seu manto de glória.
Dia pleno de amor e poesia.
Vimos todos cantar o teu hino,
Este canto vibrante de fé
Na grandeza do culto divino.
Vinte lustros de intenso combate
Pela causa de Cristo Jesus,
Sacrifícios e lutas ingentes
Pelo áurio reinado da luz.
Povo amante da causa divina
Sempre unido na fé que reluz,
Sê fiel desfraldando contente
A Bandeira fulgante da Cruz.
Eia avante, ó terra querida
Na conquista de santos troféus,
Que Maria conduza teus filhos
Para o reino divino dos céus.
Itaporanga d`Ajuda/Se, 2 de fevereiro de 1949IMPRIMATUR
Aracaju, 2 de 12 de 1948
Monsenhor Carlos Carmélio Costa
Vigario Geral
Retirado do livro QUADROS DA VIDA, de ANTONIO CONDE DIAS.
FONTE DA TRANSCRIÇÃO: https://acolhidosporjesus.blogspot.com/2012/01/hino-da-padroeira-nossa-senhora-dajuda.html
DOCUMENTO
B890S4
Panfleto da Campanha de José Augusto Garcez para Deputado Estadual em 1954.
Foto do Arquivo Particular do historiador Silvaney Silva Santos.
DOCUMENTO
B450S9
Correspondência datada do dia 13 de novembro de 1987, na qual José Augusto Garcez relata a sua batalha para a manutenção do museu e coloca a venda o prédio e o acervo do Museu Sergipano de Arte e Tradição e dos outros órgãos de cultura que contribuíram para movimentar o cenário cultural sergipano por várias décadas no século XX.
Aracaju, 13 de novembro de 1987.
Exmo. Sr.
Arnaldo Rolemberg Garcez
MD.Prefeito Municipal
ITAPORANGA D AJUDA
Ao longo de minha vida, toda ela dedicada ao estudo, pesquisa e ainda interpretação dos fatos culturais de Sergipe, tive a oportunidade de viajar pelo interior de nosso estado, reunindo importantes informações e valiosos subsídios sobre o nosso processo de evolução econômica, social e cultural.
Sem nunca contar com auxílios ou subvenções do Governo quer Federal, Estadual ou Municipal, retirando dos meus salários de aposentado do Banco do Brasil S.A. , sob a égide da vocação e do idealismo, numa luta obstinada e sofrida, fundei e venho tentando conservar sem a colaboração de qualquer espécie de colaboração, os seguintes organismos :
O Museu Sergipano de Arte e Tradição;
Biblioteca Popular Tobias Barreto;
Museu de História e Ciências
Um Arquivo sobre figuras da vida do Estado.
Se agi assim, devo dizer a V. Exa., que o fiz porque não podia permanecer estático, indiferente, sitiado no marasmo provinciano, vendo se esfacelar, em razão de um pretenso progresso, expressivas contribuições do nosso passado.
Agi sem dúvida alguma, com espírito público, mesmo porque o Patrimônio Histórico e Artístico, os bens culturais tem que ser defendidos com ardor, civismo e patriotismo, porque serão centros de atração, inclusive turística, com a missão de ensinar e educar as gerações, despertando vocações, criando condições de sobrevivência e todas as áreas da cultura.
Procurei assim vencer o indiferentismo provinciano e as poucas bibliotecas, arquivos e museus vão perecendo um a um por falta de estímulos e recursos.
Isto posto, cercado de imagens vivas do passado, lembrança de tantas pesquisas e aquisições, sem mais poder levar avante todo o meu trabalho, solicito a V.Exa., estudar a possibilidade da Prefeitura Municipal de Itaporanga D’ Ajuda, para efeito de compra, de utilidade pública o prédio, o acervo do Museu, do Arquivo e da Biblioteca Popular Tobias Barreto, que mantenho nessa Cidade.
Devo confessar a Vossa Exa., que devemos integrar o espírito cívico, patriota, uma ação cultural verdadeiramente na cidade de Itaporanga D’Ajuda , bem assim em todas as comunidades , levando-se em consideração o espírito da lei ainda vigente nas cartas Magnas Nacional e Estadual.
É dever e preocupação dos órgãos oficiais apresentarem e defenderem projetos culturais, objetivando o soerguimento da memória regional que lentamente vai desaparecendo e, no caso especifico , de Itaporanga D’Ajuda , desaparecerá com o fim das atividades da aludida Biblioteca e do referido Museu , os quais já sofreram assaltos, obrigando-me a pagar, do meu próprio bolso , um vigilante para tomar conta deles.
Caso Vossa Excelência, decida acolher a minha pretensão, que considero oportuna e interessante para essa cidade, poderá a Prefeitura Municipal de Itaporanga D’Ajuda contar com o apoio do Governo do Estado, do Banco do Brasil S/A e de empresas outras, as quais poderão se beneficiar dos incentivos fiscais, previstos na legislação pertinente, conhecida da Lei de Incentivos Fiscais para a cultura, sancionada, em 1985, pelo Excelentíssimo Senhor Presidente da República José Sarney.
Almejo expressar a V.Exa. , o testemunho inequívoco de apreço e dinamismo pelo que ainda pode executar em prol do município e do Estado, na promoção dos bens culturais e dos valores sergipanos, culminando pela vitória de uma justa causa e enobrecendo nossas tradições.
José Augusto Garcez
REFERÊNCIA:
Arquivo do Memorial de Sergipe.José Augusto Garcez. Correspondência para Arnaldo Rolemberg.1987. (Caixa 03).
Disponível em: https://ensaiosmuseologicos.blogspot.com/2013/05/memorias-em-cartas-proposta-de-venda-do.html
DOCUMENTO
B000S1
Obras de José Augusto Garcez editadas pelo Movimento Cultural de Sergipe. Biblioteca Central da UFS-SE (Documentação sergipana)
BDOCUMENTO
B457S1
José Augusto Garcez foi um dos maiores intelectuais do seu tempo. Nesta foto, seu Diploma Acadêmico da Academia Sergipana de Letras. O intelectual entrou para a ASL em 15 de novembro de 1972, ocupando a cadeira de número 22, conforme se verifica no Diploma.
Foto: Arquivo de Sílivia Garcez
BDOCUMENTO
B445V1
Certidão de óbito de Gildete Amado , irmã do escritor itaporanguense Genolino Amado e filha do líder político itaporanguense Melcksendeck Amado.
BDOCUMENTO
B255V2
Certidão de Óbito do escritor itaporanguense Genolino Amado
BDOCUMENTO
B201V3
Exemplar da 1ª edição do livro História de Sergipe, de Felisbelo Freire, leiloado em 23 de maio de 2018, pelo Escritório de Artes Miguel Sales (que negocia artefatos históricos desde 1915, localizado em São Paulo. Não há informações acerca do comprador.
FREIRE, Felisbelo Firmo de Oliveira. HISTÓRIA DE SERGIPE (1575-1855). 1ª edição. Tip. Perseverança - Rio de Janeiro, 1891. 500 págs.
BDOCUMENTO
B012V8
Ação da fábrica Sergipe Industrial e Phoenix Sergipana de 20 de maio de 1891 no nome de Gonçalo de Faro Rollemberg neto do barão de Japaratuba e depois de sua morte transferida para sua esposa D. Aurélia Dias Rollemberg, filha do Barão de Estância, em 1928.
BDOCUMENTO
B457V0
BDOCUMENTO
B555X1
Capa e folha de rosto do livro Vozes do Mundo, escrito em 1937, pelo escritor itaporanguense Genolino Amado. Era o ano de sua estreia na literatura e Vozes do Mundo, uma coletânea de ensaios, junto com outra coletânea do mesmo gênero (Um Olhar sobre a Vida) deu o pontapé inicial na sua grande trajetória. Grande inspiração para os escritores da nossa terra.
BDOCUMENTO
B200V9
Capa do livro Um Olhar sobre a Vida (ensaios), escrito em 1937 pelo escritor itaporanguense Genolino Amado. Destaque para a dedicatória com assinatura do autor presente na folha de rosto.
DOCUMENTO
A245T1
Lei 114, de 16 de dezembro de 1948, que mudou o nome de Irapiranga para Itaporanga d'Ajuda
DOCUMENTO
B225L0
FONTE: https://itaporangadajudase.blogspot.com/2014/07/
DOCUMENTO
B165W3
FONTE: Revista da Academia Sergipana de Letras
DOCUMENTO
B140A1
DOCUMENTO
B260P1
Mensagem do Rotary Club de Aracaju em 1949,
com as fotos do então presidente
Dr. Carlos Melo, e do Tesoureiro José Garcez Vieira.
Imagem: acervo Paulo Roberto Dantas Brandão.
Fonte: https://sergipeemfotos.blogspot.com/2013/11/
DOCUMENTO
B310A1
Primeira carta de sesmaria das terras onde hoje se encontra edificada a cidade de Itaporanga D'Ajuda.
DOCUMENTO
B615V1
Carta de sesmaria das terras onde hoje se encontra edificada a cidade de Itaporanga D'Ajuda.
DOCUMENTO
B785C9
Carta de sesmaria das terras onde hoje se encontra edificada a cidade de Itaporanga D'Ajuda.
DOCUMENTO
B437S9
Cartas de sesmaria das terras onde hoje se encontra edificada a cidade de Itaporanga D'Ajuda.
DOCUMENTO
B331D2
Cartas de sesmaria dos padres jesuítas, através do padre Amaro Lopes, pedindo as terras onde hoje se encontram a fazenda Colégio e a Igreja do Tejupeba.
DOCUMENTO
B450S1
Trnscrição do início do texto do Diário de D.Pedro II - VOLUME 5 VIAGEM À COSTA LESTE - 4 a PARTE (DE ARACAJU AO ESPÍRITO SANTO) 11/01 a 28/01/1860, no qual relata a visita a Itaporanga.
18 de janeiro de 1860 Engenho de Antônio Dias Coelho Mello. Saí às 6:00h cheguei aí às 7:45h dando uma volta e passando duas vezes só para ver Itoporanga, onde domina completamente o Coronel de antigas Milícias, Domingos Dias Coelho Mello, pai do dono do engenho, sogro do Boto e tio do Senador Dinis. Antes de passar o Vaza-barris 002, atravessei os canaviais do irmão e genro do Diniz, Sylvio Anacleto de Souza Bastos, que estudou na Escola Central de Paris, assim como o irmão, dono do engenho Escurial onde estive. Ambos plantam com arado, e nem isso compraram, pois a fazenda do Antônio Dias Coelho Mello é quase primitiva, fazendo no máximo 10 mil arrobas. O irmão deste, José Rodrigues Dias Coelho Mello, mal encarado, passou por assassino do Dr. Ladislau secretário do Governo, no tempo do Joel Farias. Depois de atravessar pela 2ª vez o Vaza-barris, passei pelo engenho Luisadongá do Boto. Tudo por aqui é gente do Boto, e ninguém pode fazer eleitores do distrito de Itaporanga, sem licença da família, sobretudo Domingos Dias Coelho Mello, que passa por boa pessoa, e é um velho forte de 70 e tantos, que ainda se segura muito bem a cavalo. O filho Antônio está arredado da enredada. 9:35 - 11:10h - Alto do castigo, bonita vista do rio comprido água muito cristalina; ponte de pedra sobre o rio logo adiante, e para a direita do Mercado arruinada, exigindo que se acuda - passei por ela indo para o engenho Escurial, é estrada de Itaporanga. As canas não são boas; as secas duram até 5 anos, as melhores que vi foram as da Paraíba; terra boa. São Cristóvão 4.000 habitantes. Muita pobreza. Um sobrado aluga-se por 3$000 ao mês; 3 ovos por vintém. 4:00h saí de São Cristóvão, vim pelo caminho do Mundé da Onça. É mais curto; porém muito acidentado. Alto do Joaquim Major, bela vista; este Joaquim era um desertor que fazia desse ponto atalaia 003, morando aí. Passagens do Poxim; barca com corda presa a postes no rio - leva 10 minutos para ir e voltar. Depois da passagem a pouca distância começa a área até Aracaju na extensão de légua pequena, como dizem. Chegada a Aracaju às 6:45h; o caminho não deixou galopar tanto como o outro. A obra na passagem do Poxim é muito ordinária, antes atravessei numa ponte de pau sem guardas, apesar de estar alta, o Pitanga o Pononga quando vaza em cima já começa a encher embaixo de modo que tem sempre a mesma água. O Joparatuba apresentou o ano passado mais de uma vez o fenômeno de vazar, encher, e tornar a vazar quase de repente. Observaram, nessa ocasião, um nevoeiro do lado do mar.
DOCUMENTO
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Relação dos cidadãos residentes no termo da capital de São Cristóvão (1842), onde constam os nomes do Major Felisberto d'Oliveira Freire, e do coronel Domingos Dias Coelho e Mello. [Itaporanga só se separaria de São Cristóvão em 1854]
Fonte: https://memoria.bn.gov.br/docreader/DocReader.aspx?bib=222763&pagfis=560
DOCUMENTO
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Artigo de Zózimo Lima, publicado no jornal 'Correio de Aracaju', em 15 de setembro de 1951. Reprodução do blog: museuhsergipe.blogspot.com
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Correspondência entre José augusto Garcez e o presidente Juscelino Jubitschek de Oliveira.
Correspondência de JK destinada a JAG. Fonte: Acervo particular de Sílvia Carolina P. Garcez Aragão.
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Cartão telefônico da antiga Telergipe: Série de cartões telefônicos antigos que retratam algumas cidades do nosso Estado. As peças fazem parte de um projeto que existiu da antiga TELERGIPE - Telefonia de Sergipe cujo objetivo principal era contribuir com a nossa história divulgando paisagens relevantes de uma época que não volta mais. As impressões foram tiradas de cartões postais antigos cedidos pelo historiador Luiz Antonio Barreto e de pinturas em em pocelana da artista Rosa Farias, estes pertencente ao acervo do Memorial de Sergipe. Fonte: https://antiguidadecolecoeseartes.blogspot.com/2010/04/cartoes-telefonicos-de-sergipe.html
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Arnaldo Rollemberg Garcez (1911-2010) ocupou o cargo político de Deputado Federal em 1958 e 1962 (eleito nos dois pleitos). Na imagem, cartaz de sua campanha. Destaque para o uso de slogan (pioneiro das obras sociais em Sergipe). A campanha se dá após sua passagem como Governador de Sergipe (1951-1955), o que justifica e atribui valor retórico ao slogan. Detalhes e nuances de um dos maiores gênios políticos que nossa terra já teve a honra de projetar. Arnaldo Garcez teve enorme importância para a história de Itaporanga e de Sergipe.
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Constituição brasileira de 1891, página da assinatura de Felisbelo Firmo de Oliveira Freire (décima assinatura). Acervo Arquivo Nacional
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CARTA - JOSÉ DO PATROCÍNIO A FELISBERTO FIRMINO DE OLIVEIRA FREIRE - 1898 | Centro de Memória e Informação Pessoal Yuri Victorino
Title:
DOCUMENTO - CARTA - JOSÉ DO PATROCÍNIO A FELISBERTO FIRMINO DE OLIVEIRA FREIRE - 1898
Date:
25/10/1898
Description:
Carta de José do Patrocínio a Felisberto Freire, solicitando o favor de prestar socorro a D. Maria Amalia da Silveira Villeroy. Rio de Janeiro. 25 de outubro de 1898. OBS: documento muito danificado pela água, causando a descoloração da tinta. À esquerda, foi colado posteriormente no próprio documento um retrato de José do Patrocínio.
José Carlos do Patrocínio (Campos dos Goytacazes, 9 de outubro de 1853 — Rio de Janeiro, 29 de janeiro de 1905) foi um farmacêutico, jornalista, escritor, orador e ativista político brasileiro. Destacou-se como uma das figuras mais importantes dos movimentos Abolicionista e Monarquista no país. Foi também idealizador da Guarda Negra da Redentora, que era formada por negros e ex-escravos, sendo vanguarda do movimento negro no Brasil e formada para proteger a Monarquia contra a aristocracia e os militares.
Felisbelo Firmo de Oliveira Freire (Itaporanga d'Ajuda, 30 de janeiro de 1858 — Rio de Janeiro, 8 de maio de 1916) foi um médico, jornalista, historiador e político brasileiro.
Completou os seus cursos primário e secundário no Ateneu Sergipense. Formado em medicina pela Faculdade de Medicina da Bahia, em 1882. Voltou a sua terra natal e passou a exercer a sua profissão em Laranjeiras. Foi ministro dos Negócios Estrangeiros na presidência de Floriano Peixoto, de 22 de abril a 30 de junho de 1893 e também ministro da Fazenda, de 30 de abril de 1893 a 18 de agosto de 1894. Foi o primeiro governador de Sergipe na Primeira República Brasileira, de 13 de dezembro de 1889 até 17 de agosto de 1890. Participou da elaboração da Carta Constitucional de 1891. Foi membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e patrono da Academia Sergipana de Letras, e ocupou a cadeira nº 8. Escreveu vários livros sobre história, geografia e filosofia; e artigos para jornais sergipanos e cariocas
Phys. Desc:
CARTA
LOCALIZAÇÃO: AP - PASTA 02 - 04 - AHF0508
ID:
AHF0508
Repository:
Centro de Memória e Informação Pessoal Yuri Victorino
Found in:
1.2 - Coleção de Documentos Históricos
Contributor:
JOÃO CARLOS ELIAS - LOTE DOADO EM CARTÓRIO 2012
DOCUMENTO
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DOCUMENTO
B560P2
FONTE:https://itaporangasergipe.blogspot.com
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FONTE:https://itaporangasergipe.blogspot.com
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FONTE:https://itaporangasergipe.blogspot.com
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Gilberto Amado, nascido em Estância - Sergipe a 07 de maio de 1887, era filho primogênito dos 14 filhos do casal Melchisedech Amado e Ana Amado. Cursou o ensino primário em Itaporanga, interior de Sergipe. Em seguida, matriculou-se na Faculdade de Medicina da Bahia, onde obteve, em 1905, o diploma de farmacêutico.
DOCUMENTO
B660P2
A 16 de Setembro de 1925, em conformidade do Decreto Nº 16782 A, de 13 de janeiro de 1925, ao artigo 42 do decreto Nº 11530 de 18 de março de 1915, foi nomeado Professor substituto de Direito Criminal da Faculdade de Direito do Recife, Dr. Gilberto Amado, para o lugar de Professor Catedrático da cadeira de Direito Penal Militar, tendo tomado posse a 28 do mesmo mês e ano.
DOCUMENTO
B069B2
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FONTE: Correio da Manhã (RJ) - 28 de agosto de 1969
DOCUMENTO
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REGISTRO CIVIL DE AMÉLIA DIAS ROLLEMBERG, NASCIDA EM ITAPORANGA, EM 1849, E AURÉLIA DIAS ROLLEMBERG, NASCIDA EM ITAPORAGA, EM 1863, FILHAS DO BARÃO DE ESTÂNCIA.
DOCUMENTO
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Jornal Folha de Sergipe, 26 de setembro de 1907. Destaque para a citação de que, neste jornal, o coronel Melcksendeck Amado é um dos agentes que publicam anúncios sobre a vila de Itaporanga.
DOCUMENTO
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FONTE: https://www.facebook.com/photo/?fbid=1279495159174629&set=pcb.1279495479174597
DOCUMENTO
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FONTE: https://www.facebook.com/photo/?fbid=1153803811743765&set=a.162382340885922
DOCUMENTO
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TRANSCRIÇÃO DO DISCURSO DE POSSE DO ITAPORANGUENSE GENOLINO AMADO NA ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS
Nesta noite de júbilo, que me propiciou a vossa generosidade, senhores acadêmicos, sinto, sei, que o mais presente de todos, no salão em festa, é alguém que se ausentou do mundo; ausentou-se, não o digo morto, pois a palavra lúgubre sombrearia a memória de quem tanto amou a vida e tanto soube vivê-la. Alguém que está muito longe, mas que me vê e me sorri de perto, restituído magicamente à sua luz, à sua força e à sua graça de ser.
Essa presença incorpórea, tão dominadora e magnetizante, bem o compreendeis, é daquele que foi vosso companheiro nesta Casa ilustre e foi o meu mestre, a quem devo muito da formação intelectual e moral, e de quem me tornei o confidente, o revisor dos livros, o irmão que, através das cartas, segundo me dizia, o povoava de Brasil quando na Europa ou na América; enfim, o meu, o nosso amado Gilberto.
Este momento de poesia vivida também me restitui ao verdor da juventude, na evocação dos primeiros encontros com três de vós, senhores acadêmicos, os que mais cedo se ligaram à minha vida.
Rapazola, avançando no Curso de Humanidades, ia eu passar as férias em Itabuna. O vaporzinho da Navegação Baiana zarpava de Salvador ao anoitecer, amanhecendo em Ilhéus. Só de tarde o trem me levaria à antiga Tabocas. A espera e o almoço, na casa simples do Tio João, pessoa ressumante de energia e vivacidade, ainda pobre de dinheiro, porém riquíssimo de humor. Caladona, de ar sempre sério e, contudo carinhosa, hospitaleira, a sua mulher, Eulália, exemplar na devoção ao marido e à prole em começo. Ali havia um garoto, Jorge, alourado, franzino, de pouco falar, arredio. Eu, dez anos mais velho, já em tentativas de soneto e cometendo artiguinhos num jornal de Itabuna, bem longe estava de pressentir que o primogênito de João e Eulália se revelaria o grande romancista do Brasil moderno, escritor-poeta com a sua original e poderosa ficção traduzida em quase todos os idiomas e em todos os continentes.
Outros dois baianos, que enobrecem a Academia, prosadores de alto valor e figuras da maior expressão no quadro político e jurídico do País, conheci-os, a eles que são autênticos mestres do Brasil, quando ainda ignorados calouros, como eu, com receio de trote, na iniciação do curso superior.
Pedro Calmon, que se tornaria autor de tantas obras consagradas na Literautra, na Ciência Jurídica e na Historiografia, professor catedrático e diretor de Faculdade, magnífico Reitor, deputado federal, ministro da Educação e Saúde, representante do Brasil em congressos internacionais, presidente do Instituto Histórico, Pedro Calmon só contava então com um título – o de ter apenas dezessete anos, título pelo qual trocaria, creio eu, todos os que hoje o ilustram. Corria março de 1920 e em diáfana manhã de Salvador nos apresentamos um ao outro, na Faculdade de Direito. A inteligência transparecia-lhe no olhar, a elegância inata no aprumo do porte e nas maneiras de boa estirpe, o gosto de viver, e conviver, no sorriso fácil.
Naquela translúcida manhã, também veio a mim, ou fui a ele, não recordo qual a iniciativa, mais um novo colega, da mesma idade, igualmente de finura nos modos, gentil nas palavras, mas com certa sisudez aparente, no tom, no rosto. Sisudez enganosa, desfeita assim que começamos a falar e lhe percebi, na delícia da conversa, o talento despretensioso e a natureza franca. Explicou-me que sua cidadezinha natal, no sertão, era Livramento do Brumado. Adorei o topônimo. Bonito, sonoro, um quê de poético. Livramento do Brumado... Só depois compreendi que a denominação do lugar se ajustava ao moço, com a bruma de aparente sisudez na fisionomia, porém com a vocação de amar a liberdade, espírito aberto às ideias novas e generosas do tempo, incapaz de se prender a teorizações justificadoras da tirania política e da injustiça social. Viria ele a ser, precocemente, catedrático do Direito que naquela manhã principiávamos a estudar, jornalista e escritor de primeira ordem, diretor de Faculdade, parlamentar de projeção, secretário da Presidência da República, ministro do Trabalho e do Exterior, primeiro-ministro e, por fim, ministro do Supremo. Mas, quando o conheci, no madrugar da carreira marcada pelo mérito intelectual, pela bravura, honradez e coerência, no começo da Travessia, título do seu inédito e admirável livro de memórias, que tive o privilégio de ler nos originais, então, era só – e é ser tanto! – Hermes Lima.
Em nossa turma, bem pequena, formávamos um quinteto, completado por Adalício Nogueira, poeta promissor, depois um luminar da magistratura, chegando ao Supremo, e Nestor Duarte, que se fez romancista dos bons, autor, de estudo notável no campo da Ciência Política, professor de Direito e parlamentar brilhante. Unia-nos a mesma admiração por um terceiro-anista, moço extraordinário, de singular inteligência e firmeza de caráter, com o sinete das figuras excepcionais, prenúncio do grande e injustiçado brasileiro que se devotou heroicamente à luta de modernizar e democratizar a Educação no País, aquele que nos orgulharíamos de ter como confrade, se não perdesse a vida quando já próxima e certa sua eleição para a Academia. Sabeis de quem falo: Anísio Teixeira.
Dos cinco fraternos calouros, dois se contrastavam. Nestor, bonitão, semblante de linhas simétricas, nariz aquilino, dentes perfeitos, no corpo a harmonia de um deus em escultura helênica. Eu, magriço, cabeçudo, pescoção curto e fino, cara espinhosa e de salientes maçãs. Feio, sim, bem feio, como soem ser os Amados, até que de cabelos brancos, parecem – tiro por mim – uns velhotes bem simpáticos...
E houve ocasião em que Hermes fez brincadeiras à custa de minha diferença com o Nestor, diferença ainda maior porque ele se vestia e penteava bem, eu com desalinho nas roupas e grenhas rebeldes. Tanto que, um dia, ouvi Donana dizer à Iaiá, minha irmã mais velha: “Estou doida que Genolino dê para namorar. Assim talvez se arranje melhor.” Todavia, Hermes é que tinha namorada, moçoila do curso normal no Educandário dos Perdões. Certa feita, não podendo ir ao encontro marcado com a garota, pediu ao Nestor que a prevenisse. Ora, uma semana depois, os três no jardinzinho da Faculdade, à beira do tanque em que dormitava um pequeno jacaré, Hermes explodiu: “Seu Nestor, noutra eu não caio. Você não me leva mais recadinhos a namorada nenhuma. A menina agora só tem um assunto – Nestor para cá, Nestor para lá, que é feito do Nestor?, quando é que ele aparece? – Um enjoo! A partir de agora, vou no seguro. Quem há de levar recado meu é o Genolino.”
Por um instante, amuei. Mas, depois, rompemos juntos em boa gargalhada. Porque – parece incrível! – os jovens de então gostavam de rir e não tinham vergonha da sua alegria.
O rapazinho de dezessete anos, em quem o senso de humor já prevalecia, é hoje o septuagenário que, embora num fardão solenérrimo, se mantém jovial. E feliz porque a Academia lhe concedeu a Cadeira 32, a de tantos autores predispostos ao riso e com os dons de o suscitar nas suas criações literárias.
Veja-se o patrono, Manuel Araújo Porto-Alegre. Iniciador do nosso Romantismo, em companhia de Gonçalves de Magalhães, não o contaminou, como no outro, aquela tristeza, mais escrita do que sentida realmente, dos que lançaram no mundo europeu a revolução inspiradora. Não o atingiu o spleen de Byron, moléstia de muitos, nem cultivou a melancolia lamartiniana, mal de que padeceu, ou fingia parecer, Magalhães, como indicou ao intitular de Suspiros Poéticos e Saudades e sua obra deflagradora do movimento no Brasil.
Num paradoxo, Porto-Alegre adquiriu renome com a arte em que falhou seu verdadeiro talento. Arquiteto, pintor e desenhista dos melhores, além de excelente diplomata, não foi bom poeta. E poeta que nem soube refletir a novidade romântica, pois a sua produção de versejador tem um tardio cunho classicista, contraditório com as ideias inovadoras que auxiliou a divulgar na revista Niterói. O pouco de apreciável que ainda se lhe descobre nos poemas, de Brasilianas a Colombo, é a aceitação da temática nacional ou a força descritiva de certas estrofes, com o pincel do pintor ajudando a lira do vate.
A sua propensão ao humor bem a denuncia o fato de que, embora tenha produzido tragédia e drama, o patrono da Cadeira 32 também se aventurou a escrever uma sátira teatral e três comédias. E a Martins Pena deu estímulo para levar à ribalta as facetas cômicas dos nossos costumes. Por fim, não é de se esquecer que Porto Alegre foi diretor de A Lanterna Mágica, periódico satírico e o primeiro no Brasil a utilizar caricaturas.
A Cadeira tutelada por quem deveria ser literalmente merencório e não o foi, essa Cadeira tem no seu Fundador, Carlos de Laet, o nosso maior satirista, o mestre sem par da zombaria combatente, mobilizando toda a força intelectual, toda a enorme erudição, todo o profundo conhecimento do idioma, ao serviço de convicções por que se batia a rir, a escarnecer, a polemizar com prodigiosa veia epigramática.
Homem de tradição, tradição na Política, na crença, nas Letras, adversário do Republicanismo, como do Agnosticismo, Protestantismo, Positivismo e outros “ismos” que lhe faziam ferver o sangue católico, e por fim adversário do Modernismo antiacadêmico, até quem não o aprecie pelo que defendeu há de lhe apreciar o ardor, a pertinácia e a coerência da sua longa peleja. Não é nos versos de moço, nem nos sutis artigos de Em Minas, obra do refúgio nas montanhas, ao tempo da perseguição florianista, nem é mesmo no obstinado labor do magistério que se vê a marca reveladora da sua singular figura humana. Foi à imprensa belicosa que ele deu a vida da sua vida, até os derradeiros dias de ancião. Carlos de Laet, o matador – chama-o Assis Chateaubriand, ao lhe escrever o elogio fúnebre. E acrescenta que no grande humanista, filólogo e crítico de Religião, admirou sobretudo o polemista que esgrimia com estocadas de gênio.
Alceu Amoroso Lima o definiu como “o nosso Chesterton”. Sim, ouso ponderar, um Chesterton com o mesmo catolicismo ironizador, mas sem a poesia devaneante do inglês, gordo meninão com a cabeça nas nuvens. Laet, realista, de prosa seca e sem divagações, atingia o alvo com setas letais, embebidas no veneno da mofa. Eis um sinal da sua concisão na dialética irrespondível. Ao afirmar Afrânio Peixoto que no Brasil só Rui Barbosa sabia português, Laet argumenta: “Das duas uma – ou o Sr. Afrânio sabe Português ou não sabe. Se ele sabe, Rui não é o único; se não sabe, não pode julgar se Rui sabe.” E eis um exemplo de sua presteza sardônica. Ao ouvir Laet fazer, em aula, restrições ao transformismo darwiniano, um aluno aparteia: “Ora, professor! Papai disse que nós descendemos do macaco”. E Laet, de pronto – “Não me interessam questões particulares de sua família.”
Contudo, raramente zombava à toa. Os motejos eram a alegria das suas zangas. E as zangas vinham-lhe das convicções teimosas. Quando o admirável Elmano Cardim proficientemente dirigia o Jornal do Commercio e me convidou a escrever ali o rodapé dominical, aproveitei o ensejo para buscar, nas amarelecidas coleções do velho órgão, os folhetins de Laet. Deliciou-me a leitura. Se já bem mortas as questões que discutia, permanecera bem viva a graça candente do comentador.
Ao ironista magistral, piedoso no culto da sua fé e impiedoso com os inimigos dela, fiel no amor à Monarquia e inexorável no rancor aos maiorais republicanos, sucedeu Ramiz Galvão, também devoto da Igreja, mas condescendente com os incréus, também monarquista mas resignado com o fim do Império.
Laet, agressivo, irreverente. Ramiz, a placidez e a circunspecção. A seriedade intelectual de Laet conduzia-o à troça militante. O seu pacífico e gravebundo sucessor dedicou-se a fainas de erudição alheias aos debates da época. Aos oitenta, Laet ainda fazia rir com os seus escritos sobre as pessoas e os assuntos então no cartaz. Aos dezenove, Ramiz publicou O Púlpito no Brasil, com dois séculos de sermões escolhidos e examinados pelo saber precoce e pela precoce paciência de um autor que fugia às brincadeiras da juventude. E, assim, longe do que se lhe agitava ao derredor, continuou a ser, vida afora, aquele que compôs a Biografia de Frei Camilo de Monserrate, o Vocabulário Etimológico, Ortográfico e Prosódico das Palavras Portuguesas Derivadas da Língua Grega, e o Catálogo da Exposição de História e Geografia do Brasil. Remodelador da Biblioteca Nacional, presidente do Instituto Histórico, professor emérito e o maior helenista do País, chegou a nonagenário como foi rapaz, sempre se eruditando e sempre fechado no aspecto, doce na voz, gentil nas maneiras, mas sem se lhe perceber um fugidio sorriso na boca encoberta pelos coerentes bigodes brancos.
No discurso de posse, disse Viriato Correia que, desejoso de aligeirar o elogio do antecessor, foi à procura dos seus parentes mais chegados a fim de colher uma anedota qualquer, um instantezinho de humor que lhe houvesse desenrugado a fronte. Não havia. Ramiz Galvão partiu deste mundo sem anedotas. Ninguém da família se lembrou de um gracejo seu, uma sátira, uma pilhéria.
Viveu, morreu, sem rir? Não creio. Os que nunca riem são, em geral, cruéis, inclementes. Deles é que saem os fanáticos, os tiranos, os inquisidores, os policiais torturadores. Galvão era bom, ameno, tolerante. E imagino que, de noite, no silêncio do gabinete, o helenista que traduziu o Prometeu Acorrentado de Ésquilo ia buscar na estante o seu Aristófanes e, lendo-o no original, que gostosas risadas, as desconhecidas risadas humanizadoras do scholar carrancudo.
Deixo, porém, o sábio de fisionomia austera e majestoso porte porque me faz sinal, impaciente, pronto a se introduzir no discurso, um diabrete do Jornalismo, da Ficção e da Arte Cênica, miúdo e buliçoso como os elfos da mitologia nórdica, geniozinhos de traquinagem que Shakespeare simbolizou na figura de Puck, em “Sonho de uma Noite de Verão”.
Capeta em forma de gente, Viriato Correia é a antítese do seu antecessor. Ramiz estreia, aos dezenove anos, com estudo pesadão sobre Oratória Sacra. Correia, aos dezesseis, com artiguetes de humorismo e ironia num jornal maranhense. Galvão só escreveu peçazinhas insossas para festa escolar. Correia, copioso autor de comédias e burletas para o grande público. Ramiz, sem imaginação. Viriato, o fantasista dos contos com que principia a vencer na Literatura. O primeiro investiga a História do Brasil a sério, escrupuloso e enfadonho. O segundo só vê no passado o pitoresco e o romanesco, lançando-se a reconstituições graciosas, nem sempre fiéis, em livros de habilidoso divulgador. E também no teatro, com “A Marquesa de Santos”, o seu triunfo maior, dentre as vinte e sete criações aplaudidas pelas plateias que divertiu, encantou, comoveu.
Que gigante de trabalho, na imprensa, na produção de ficcionista e comediógrafo, em volumes de historiador ligeiro, até no magistério, o pigmeu de nome bem mais comprido do que o corpo, Manuel Viriato Correia Bayma do Lago! E com seu tamanhinho de Pequeno Polegar, foi na Literatura o primeiro bom vovô das nossas crianças. Inicia em 1908, antecedendo a Lobato, a publicação de suas numerosíssimas historietas infantis, deliciosas e edificantes.
O elfo intelectual do Maranhão teve uma namorada esquiva – a Academia. Merecendo-a, sofreu derrotas após derrotas, até que, enfim, ela se entregou ao que foi mais laborioso e paciente do que Jacó à espera de Raquel. E eleito, dizia, redizia, ao teatrólogo que tanto admirou quanto estimou: “Candidate-se, Joracy, candidate-se.” Tal qual Joracy fez comigo, pela afeição que nos prendia. O maranhense ao carioca, o carioca ao sergipano, pretenderam dar o voto... e deram a vaga.
Doador foi sempre na vida, até na morte, aquele a quem tenho a honra de suceder. Em Joracy Camargo, a cabeça criadora seguia os impulsos do coração generoso. E eu já o sabia um bom quando bati minhas primeiras palmas ao autor de talento, na representação de “O Bobo do Rei”.
Foi em 1931, na Pauliceia, ao fim dos seis anos que lá vivi, anos de iniciação na Imprensa e na Literatura, ao abrandar-se o efervescer do Modernismo. Jovem redator do Correio Paulistano, até que a Revolução de 30 suspendesse o jornal, via ali Menotti no apogeu, líder do movimento renovador, com Oswald de Andrade. Via Cassiano oferecer a esse movimento a contribuição original da sua bela poesia densa de Brasil. Via Cândido Motta Filho, inteligência bem moça, na revelação da sua agudeza crítica. Só não via dramaturgos e comediógrafos em meio aos rebeldes.
O teatro diferente de então resumia-se ao de Brinquedo, travessura carioca de Álvaro Moreyra e Luís Peixoto, esbanjando fantasia. Algum tempo depois é que Oswald escreveu “O Homem e o Cavalo”, “A Morta” e “O Rei da Vela”, tentando uma revolução na Dramaturgia brasileira, porém principalmente no processo, na técnica, na forma, com um hermetismo perturbador que desprovia de apelo popular as ideias e os intentos inovadores, revolução extemporânea, sob o já avelhantado influxo de Alfred Jarry e dos surrealistas franceses.
Ledor de Bernard Shaw e outros que sarcasticamente demoliam nas suas peças os conceitos e preconceitos do capitalismo opressor, propondo reformas sociais, surpreendia-me a omissão do tempo novo no teatro nosso, teatrinho de costumes, em que a presença da realidade se reduzia à exploração burlesca das aperturas sofridas pela pequena classe média.
Então, vim a conhecer Joracy. Foi, repito, em 1931, na estreia paulistana de “O Bobo do Rei”, sua primeira obra de real valor, premiada, aliás, pela Academia, a do seu encontro feliz e duradouro com o estupendo intérprete, Procópio Ferreira. Se me deleitou o diálogo, com paradoxos wildeanos, se apreciei a construção das cenas que conduziam ao desfecho verossímil, também me impressionou a temática, de cunho social, buscando na indigência dos morros as figuras de Pinguim e Picolé, portadoras de alegria ao solar de milionários blasés. O amor ao próximo refletia-se na criatividade artística. Era o prenúncio da consagração do autor e do ator, em “Deus lhe Pague”.
Não foi só na plateia que aplaudi “O Bobo do Rei”. Foi também no Diário de São Paulo, como crítico teatral. O comediógrafo agradeceu e logo o afeto nos ligou. Assim, numa noite de garoa, convidei-o a cear em restaurante boêmio. Bom vinho, bom macarrão, boa conversa. E Joracy me confidenciou uma ideia que lhe bolia e remexia por dentro. Era a de transformar um mendigo em protagonista de comédia dramática, porém mendigo que fosse mais um presenteador do que um pedinte, pobre diabo com a riqueza espiritual dos anjos e também com a astúcia de um Maquiavel; no adro da igreja, ao invés de suplicar esmolas, em tom lamurioso, diria galanteios às damas ricas e beatas, cordial e animador com toda a gente.
E não tardou a peça, de sensacional triunfo no Brasil e no exterior. Dir-se-ia que outras de Joracy, com menor sucesso, contêm personagens mais convincentes, entrecho mais plausível, conjunto mais harmônico. Ainda assim, “Deus lhe Pague” a todas supera, porque foi pioneira. Acertadamente, o ensaísta Décio de Almeida Prado lhe atribuiu a significação histórica de haver estendido o alcance da comédia brasileira, trazendo aos palcos nacionais um reflexo, embora longínquo, das preocupações provenientes da revolução russa e da crise econômica universal. Com “Deus lhe Pague”, acentuou, olhamos, bem ou mal, para o mundo contemporâneo. Olhamos bem, creio para o mundo novo e para o novo Brasil. Adonias Filho, de tanto valor na crítica literária quanto na obra de ficção que já o projeta além das fronteiras. Adonias, em seu discurso recebendo Joracy neste salão, salientou que “Deus lhe Pague” trouxe ao nosso Modernismo a Dramaturgia que lhe faltava. A peça coincidiu com o advento dos romances nordestinos e com eles colheu, ainda que de outra forma e noutro campo de observação, a fala e o sentir popular.
O Joracy tão humano, que já se anuncia em “O Bobo do Rei”, revelou-se em “Deus lhe Pague”. Redimir um vulto simbólico da miséria extrema, levar às ovações de todas as plateias um sofredor anônimo das sarjetas, foi o que ao dramaturgo pediu a sua alma piedosa. Mais do que num pensamento político socializante, a comédia inspirou-se na simpatia natural, sentimental, do autor pelos desgraçados. Talvez sob a influência russa de Tolstoi, não sob a de Lenine. Em lugar do Marxismo, o Cristianismo em sua fonte, a dos Evangelhos.
Todavia, seja qual for a motivação que se lhe atribua, o teatro de Joracy revela uma consciência atuante, que apreendeu e exprimiu os anseios da época, expôs os desequilíbrios sociais, denunciou os prósperos exploradores da pobreza desarmada, fez da cena um veículo de contestação aos privilégios da minoria, que ninguém ainda se atrevera a questionar diante das plateias.
Tem um quê de contraditório a predileção de Joracy por um gênero de Literatura que se baseia em conflitos existenciais. Quem criou tantas personagens, grotescas ou patéticas, que se digladiam no entrechoque dos sentimentos e das situações, foi a mais conciliadora das criaturas. No cuidado constante de não aborrecer ou decepcionar alguém, ia a extremos pitorescos. Na edição especial que a Revista da SBAT dedicou à sua memória, conta Luís Peixoto uma historieta que me afirma autêntica e bem retrata o Joracy que não queria causar desânimos. Em resumo, foi assim o episódio...
Certa vez, apareceu-lhe um rapaz com pistolão grosso: carta da presidência da República. Trazia-lhe uma peça, pleiteando que a lesse. Pois sim – respondeu o que jamais acertava a dizer não. Dias depois, volta o moço e Joracy: “Parabéns. Esplêndidos os três atos.” E o autorzinho em projeto: “Quer então me recomendar ao Procópio?”. Joracy, quebrando o corpo: “Sem dúvida... Mas, por que não reduz a comédia a dois atos? Ainda ficaria melhor. Se fizer isso, recomendo.” O rapaz concordou e ao fim de uma semana reapareceu com a condensação feita. Após leitura às pressas, Joracy: “Agora, sim! É coisa boa! E seria ótima num ato só. Tal qual no teatro grego. E introduza um coro, ouviu?”. Novamente o rapaz aquiesceu. E tornou com texto que não ia além de algumas páginas. Joracy folheou-as e: “Que maravilha! Você conseguiu transformar a peça em verdadeira sonata. Estou notando que sua vocação é de músico. Vá por mim. Entre no Conservatório e há de ser um violinista de primeira!”
O rapaz saiu, sumiu. Muitos e muitos anos depois, um cidadão amadurecido avistou Joracy na rua, aproximou-se, bateu-lhe no ombro. E: “Mestre, recorda-se de mim? O que lhe trouxe uma carta do presidente. Segui o conselho que me deu. Agora sou o violino spalla na orquestra do Municipal.”
Até sem querer, Joracy fazia o bem. A vida é que, no começo, o tratou mal. Carioca da gema, dos que vêm de lares modestos, educação com esforço, casadinho aos dezenove anos, recorreu ao ganho miúdo e incerto da imprensa para sustentar a mulher e os filhos que surgiam. Logo o atraiu a criação teatral. A ninguém interessou a sua primeira comédia, “Fruta do Mato”. Insistiu, na ânsia de melhorar a situação do bolso. E eis que, em 1925, estreia na revista, mas de parceria com autor já encaminhado. A seguir, um sucesso, com obra toda sua, também revista. E outra mais, de boa aceitação. Os títulos de ambas testemunham a paciência jovial do lutador: “Me leva, Meu Bem”; “Calma no Brasil”.
E o comediógrafo? Mesmo com a frustração da tentativa inicial, foi teimando, à espera de obter um apoio. E em vão. Finalmente, o ator-empresário Jayme Costa aceitou um original seu. E só porque Joracy, num truck, apresentara a peça como francesa, que havia traduzido. A história, de um humor pungente, contou-a Raimundo Magalhães Júnior, que tanta coisa do passado pesquisa e esclarece, disfarçando na fluidez e na limpidez da prosa a canseira da investigação.
A segunda comédia de Joracy já lhe foi pedida, não oferecida com o amargor de um estratagema irônico. Abria-se o caminho a “O Bobo do Rei” e a “Deus lhe Pague”. E ora divertindo, ora comovendo, Joracy escreveu 32 comédias. E seis revistas, uma opereta, várias peças infantis, duas novelas e muitas peças radiofônicas, além de argumentos cinematográficos.
Se no último tempo do viver reduziu a produção foi porque à defesa dos direitos autorais se devotou de corpo e alma, o corpo combalido e a alma guardando a energia de jovem. A essa defesa serviu com o fervor de um paladino, também com a dialética mais convincente e a diplomacia mais sedutora. Nos congressos internacionais sobre o assunto, ninguém o suplantava, conquistando a admiração geral. Sua morte foi profundamente sentida pelas associações arrecadadoras do mundo inteiro, solidarizando-se com a SBAT, da qual foi Joracy, por toda uma década, o presidente eficientíssimo, abnegadíssimo. Eleito seu presidente de honra, já certo do fim, não abandonou a causa. A derradeira vez que o vi de pé foi no meu apartamento. As vésperas de novo e irrecuperável derrame, sugeriu-me uma reunião com Raymundo Faoro, o jurista de tanto mérito e o pensador político de Os Donos do Poder. É que, integrando Faoro o Conselho Federal de Cultura e havendo ali matéria de direito autoral a ser debatida, queria apresentar os pontos de vista da SBAT.
Já tudo exposto, com a brilhante colaboração do seu fiel amigo e companheiro de luta, Daniel Rocha, Joracy provou um imprudente licorzinho, levantou-se devagar, apoiando-se na bengala. Um gesto de adeus. Sorria.
É assim que o acalento na memória. Não o que depois encontrei no leito, alheado da vida que lhe sumia, ou, consciente, procurando ocultar, disfarçar, a dor angustiosa. Esta noite, o que vejo na recordação é o Joracy que me sorriu pela última vez.
Minhas senhoras e meus senhores,
Venho reunir-me aqui, como novo confrade, a velhos companheiros da Literatura, da Imprensa e do Ensino, todos com o seu feitio próprio, diferenciados ou até distanciados pelas ideias políticas ou pelas predileções estéticas, porém todos participantes da mesma aventura que os solidariza – a da vivência intelectual. E se viver é muito perigoso, como advertia Guimarães Rosa, ainda mais o é na tranquilidade aparente de quem escreve ou dá lições. Todavia, a melhor lição do mundo, no correr dos tempos, talvez seja a dos que só têm por si a força do espírito e com ela resguardam, contra os materialmente poderosos, os valores da civilização. Nos três quartos de século que já completou a Academia, quantas vicissitudes, que tormentas, que mutações, que entrechoques de ideologias e de armas, no País, na terra inteira! Entretanto, permaneceu altiva, serena, inviolada, a cidadela cultural que fundou o maior de todos nós, pobre e obscuro de origem, mas que trazia no cérebro a lâmpada do gênio literário.
Sei que a Instituição de Machado de Assis tem o destino de exprimir no plano da inteligência a unidade nacional. Congrega autores brasileiros, como brasileiros, sem os distinguir por sua procedência, sem os eleger num critério de representação por Estados. Ainda assim, perdoem-me uma vanglória. Porque, neste momento, me é imperioso proclamar que, modéstia à parte, sou sergipano. Sou da província minúscula em território e imensa na contribuição às Letras do País, às ideias criadoras e à crítica, ao estudo da nossa formação, ao conhecimento do idioma, ninho de filósofos e filólogos, de poetas e ficcionistas, de historiadores e jurisconsultos, o rincão de Tobias Barreto e Sílvio Romero, que este Solar da Cultura consagrou um dos seus patronos e um dos seus fundadores. Reino de magia em que vivi a infância, a saudade me reconduz ao meu Sergipe nesta hora feliz.
Senhores acadêmicos,
Sou recebido por vós em data que me diz ao coração. Num 14 de novembro veio ao mundo o que amou e desposou Donana, o inesquecível Melchisedeck Amado, o amado velho Melk. Velho?! Apenas expressão de ternura. Jovem foi até o fim da vida. E que vida! A de um herói no afã de conseguir, em ambientes de pobres recursos econômicos, os meios necessários ao conforto do lar, à completa educação dos filhos, tantos e tantos, esquecendo-se de si para assegurar bem o futuro deles. Melk, de multiformes labores, que frequentemente o afastavam de nós, e que era, na volta, a alegria chegando, a festa dentro de casa, em Itaporanga, em Aracaju, em Maroim, em Ilhéus, em Itabuna, em Salvador.
Conheceis, pelas memórias do seu primogênito, quanto o seduzia o Teatro. E por que me fiz teatrólogo, porque teatrólogos foram o patrono e quase todos os ocupantes da Cadeira 32, com a única exceção de Laet, cujo humor, aliás, se afina com o de Shaw, preferi a data de hoje, a data do velho Melk. E a vós, senhores acadêmicos, agradeço a escolha com que me honrastes e que agora me permite descer desta tribuna com o pensamento alteado até onde está aquele que via nos filhos nascer a luz da aurora.
14/11/1973
FONTE:https://www.academia.org.br/academicos/genolino-amado/discurso-de-posse
DOCUMENTO
B770Z2
TRANSCRIÇÃO DO DISCURSO DE RECEPÇÃO DE GENOLINO AMADO NA ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS (POR HERMES LIMA)
Senhor Genolino Amado,
Há cinquenta anos caminhamos juntos, ora mais perto, ora mais distante, desde a Faculdade e desde a casa em que a extraordinária mulher que foi Donana me augurou um lugar na amizade e no afeto do clã dos Amado.
É uma pura alegria receber-vos hoje na Academia Brasileira de Letras até onde vos elevou o merecimento de vossa obra. Mais que repouso do guerreiro, aberta às correntes literárias, tão somente ciosa de um estilo adequado à representatividade, que lhe advêm de sua missão e de seu passado, no seio da Academia não se embota o dom da criação nem o de sentir e interpretar o presente. Os livros e o labor dos Acadêmicos não cessam de figurar na corrente vital do espírito brasileiro. A Academia consagra, não amortalha.
Ao longo do caminho de nossa geração, a experiência vivida foi-nos ensinando a estimar as consequências de guerras devastadoras, de invenções memoráveis, de revoluções proféticas, enfim, de trevas e alvoradas, que do nosso fizeram um século tumultuoso mas palpitante de perspectivas.
Duas conflagrações mundiais, a primeira contemporânea de nossa adolescência, a segunda de nossa mocidade, abriram sulcos de controvérsia e contestação por onde continuam a correr o sangue e a esperança dos homens. Influências, orientações, dúvidas e angústias surgentes da sociedade abalada em seus fundamentos, converteram-se em quinhão compulsório das consciências pela instantaneidade do relacionamento entre povos e indivíduos.
E, contudo, segundo observastes em Um Olhar sobre a Vida, é sempre a esperança que alenta e desafia, “só a esperança”, escrevestes, “é realmente ameaçadora, combativa, terrível pela coragem e decisão de agredir ou resistir”. Mas porque ardemos em rivalidades, polêmica será também a esperança e, portanto, o ofício de cada homem ameaça convertê-lo num beligerante. Uma tempestade varre a terra, recordais em Vozes do Mundo, tempestade no grande e no pequeno, a envolver-nos em atmosfera de incertezas.
De vós, entretanto, jamais se dirá que sois um beligerante. O senso do humano, o irresistível pendor de compreender situam vossa personalidade na posição de equilíbrio que na lucidez encontra seu ponto de apoio. Lembro-me do vosso ensaio – A Esfinge e a Bailarina – o gesto alado da moça desfiando a majestosa inutilidade do movimento. Dizeis: “Mesmo que a ação não represente nada para a vida, sem ação a vida não se representa”, pois “um gesto minúsculo enche mais o deserto do que um bloco imenso que se imobilizou no areal”.
Sois um mestre do ensaio, da crônica e do memorialismo. O personagem central de vossos escritos é a vida. Acontecimentos, episódios, figuras e símbolos entram e saem da vida e lhe dão cor, sentido, extensão e a vida nunca é a mesma sem deixar de ser ela própria. Vossa sensibilidade, vosso talento de escritor captaram da lida de viver, sentir e lutar momentos supremos, o sumo das experiências, a tensão dos nervos e o arfar do coração. Daí o segredo do perene valor literário de vossas crônicas espalhadas pelo jornal e pelo rádio. Quero referir-me, de modo especial, às Crônicas da Cidade Mararvilhosa. Interpretadas por César Ladeira na Rádio Mayrink Veiga, tanto sucesso alcançaram que sugeriram a André Filho a famosa marcha, hoje o hino da Guanabara.
De fato neste Rio de Janeiro de todos nós, encontrastes a matéria humana e social para as finas, penetrantes observações que cintilam no labor do cronista a surpreender costumes, gestos, modos de ser e de pensar, a paisagem, o jeito de viver e a vivacidade carioca. Há três décadas, o Rio era diferente. Curtia-se uma vivência mais espontânea, mais livre para se comunicar, a estrutura urbana não sufocava tanto e as diferenças sociais, menos ostensivas.
Podíeis, então falar em “Os inocentes do Leblon” do “heroísmo carioca” ao resistir, no caminho do trabalho, às seduções do sol, do mar, da floresta. Agravou-se a tarefa de ganhar o pão de cada dia em metrópole tão atropelada de problemas e automóveis. A sobrevivência custa mais caro, mais domínio e organização a riqueza. Enfim, conforme já prevíeis na década de quarenta, a gente moderna só procura na alegria do corpo ou do espírito vantagens de ordem prática. Temos de viver no clima social do progresso afluente proporcionado pela tecnologia e pela automação. Mas deixa estar. O homem é a medida de todas as coisas. Ele fará prevalecer sua medida sobre o desencadeado mecanismo. Máquinas são para servir ao homem, não a uma minoria, mas a todos o homens.
O aprazimento de estar no mundo pode acontecer a qualquer hora e, de fato, fostes encontrá-lo numa tarde de verão, em que o sol “esvoaçava sobre a cidade como um pássaro de fogo”, no livro que, ao acaso, retirastes da estante. Era Machado de Assis. Ao fim de breve trecho, já vos sentieis num clima suavíssimo a que vos restituia a arte do velho bruxo segundo relatais nesta página magistral:
A prosa quebradiça, um tanto cambaleante, não escorria como a caudal amazônica de Alencar, nem estortegava num clamor de Paulo Afonso como na cachoeira lírica de Castro Alves. O seu movimento era o de uma pequenina cascata de serra, descendo medrosa, a tropeçar nas pedras, límpida e fria. Limpidez que propriamente não quer dizer claridade, mas transparência. Frieza que não vem de mármores parados, mas de águas fugitivas. Nesse mundo translúcido perdia-se a noção da cor. Nessa atmosfera mágica amornavam-se todas as ardências. O velho e grande Machado de Assis corrigia a natureza, submissa à vontade criadora do escritor. E fiquei a pensar que prodígio de vigilância sobre si mesmo, de alerteza mental e de contenção nervosa, representa essa obra machadiana, tão contrária às sugestões do trópico, tão dominadora de suas influências, realizada num desafio permanente ao meio físico e aos seus reflexos na alma do brasileiro. Imagino o mestiço de sangue escaldante, cuja infância conheceu os calores ferventes do Morro do Livramento, que trabalhou na estufa de uma tipografia, que de roupa escura e colarinho duro ia para o forno de uma repartição do governo e terminava o seu dia enfurnado num canto da Garnier, onde os luminares do tempo suavam Literatura. Tudo isso devia perturbar-lhe a cabeça, mexer-lhe na sensibilidade, esquentá-lo, atordoá-lo. A cidade, ainda com suas vielas coloniais, era uma caldeira, um panelão infernal. Por toda a parte, gente de casemira pesada, bufando sob a canícula. Rangendo nos trilhos, o bondinho de burro, que levava o romancista para o Cosme Velho, ia arrastando também todos os rumores da terra abrasada, rumores de samba, de carnaval, de população foliã e gritadora, de carnalidade excitada pelo verão, de condoreirismo literário, de oratória equatorial. O bafo e o berreiro das ruas entravam com Machado de Assis na casa onde ele ia passar a noite escrevendo.
Muitas e muitas vezes, essa noite era ainda mais quente do que o dia. Mas, no domínio da própria fadiga, esse tímido herói das aventuras solitárias do espírito compunha os seus livros finos e frígidos, sem perder um instante o senso de harmonia, renunciando ao pitoresco depois de ter visto com os olhinhos míopes o colorido imenso do Rio, afastando a ênfase depois de passar a tarde em conversa com sujeitos enfáticos, contendo a exuberância para atingir ao equilíbrio de um ateniense.
De vez em quando, como um geyser fervido a espoucar numa planície escandinava, o calor do sangue e da cidade saltava para a página escrita. E então a brasa de uma referência aos braços de uma mulher bonita, ao estremecer de um desejo adolescente, arde num trecho de conto ou de romance. Mas é só. Essa faísca que bastaria para incendiar o matagal de outros estilos, logo se apaga na relva orvalhada da prosa machadiana. O seu fulgor é o de um carbúnculo calcado no fundo negro do chão queimado pelos calores da terra, para brilhar depois, milagrosamente transfigurado, na fria luz de um diamante. Foi um drama telúrico o que se desenrolou na cabeça de Machado de Assis para que a sua obra surgisse onde menos se podia esperar por ela.
Esse homem predestinado, literariamente singular, contido e fechado sobre si mesmo, que foi Machado de Assis, distinguia-se positivamente do brasileiro que, segundo vossa observação, só é respeitoso de lugares comuns quando escreve ou discursa, mas na conversa é de uma irreverência soberba e gratuita.
Sois, na verdade, como João do Rio, como Lima Barreto, um cronista desta cidade, na qual a gente não sabe onde a praia acaba e começa a rua, e de cuja convivência recolhestes tantas figurações do labutar carioca, as preferências que cobrem a personalidade de seu povo, a começar pelo carnaval e pelo futebol.
Seguia a guerra seu curso ainda indeciso quando surdo rumor iniciado com a semana, entrou a pressagiar coisas graves. Um Tribunal de penas iria pronunciar decisão da qual passou a pender emocionada expectativa. Afinal, reunido secretamente, em longa sessão como convinha à importância da matéria, eis que o portal da Corte se descerra e, agora, eu vos dou a palavra:
Um rumor de passos viera do recinto sagrado. Gemem trincos, rangem gonzos, abre-se a porta principal. A solenidade do momento impõe-se a todos. Há um silêncio espectante. Mas logo se desencadeia o alarido quando a sentença é proclamada. Os jornalistas precipitam-se escadas abaixo, numa sofreguidão cinematográfica. Tinem e retinem campainhas de telefone. Trepidam os prelos. Estrondejam microfones. Preparam-se manchetes de letras imensas.
E foi assim que o Rio veio ontem a saber que o Sr. Drolhe da Costa não pertence mais ao quadro de referees da Federação Metropolitana. Porque todo o gravíssimo acontecimento, que abalou a cidade, que encheu colunas e colunas, que tomou o tempo das estações de rádio, que absorveu a atenção de meio mundo, inclusive de homens de letras, altos funcionários do Governo, individualidades representativas da elite social, se reduziu a uma decisão em torno deste personagem singular que ora recebe aclamações consagradoras e ora pateadas ultrajantes – o juiz de uma partida de futebol.
Claro, a dimensão humana do Rio não se resume a isto, a cidade é aberta, convida à alegria, pois o Rio tem juventude. É dessa graça, dessa vitalidade carioca que vossas crônicas guardam o sabor, o colorido, a espontaneidade.
Em Vozes do Mundo fulgura uma série de ensaios primorosos de que destacarei os dedicados a Bernard Shaw, a André Gide e a Pirandello.
O jogo dos contrastes, luz e sombra, a luminosidade às vezes paradoxal das análises projetam os atributos assim do gênio como da vivência com que autores e obras interpretaram e clarearam a realidade.
Em Bernard Shaw, além do escritor, de cujas peças saltaram para a humanidade tantas figuras poderosas, provoca vossa admiração o realista, portanto, “uma criatura absurda, segundo esclareceis, para os que só veem o mundo através da nuvem ilusória de lugares comuns que a rotina e os prejuízos vão interpondo entre os olhos e a realidade. Era um homem sem romantismo, enamorado da razão e da ciência. Eis por que pareceu uma criatura sem juízo”. Nesse demônio jovial habitava “um velho puritano que seria capaz de embarcar numa caravela para fundar num continente novo uma pátria nova”. Realmente, predominante é a vocação do grande escritor para construir e reformar. Se seu “humour truculento” move-se como rolo compressor contra preconceitos e formas estabelecidas, para compreendê-lo, segundo assinalais, “é preciso procurar os seus confessados motivos de desgosto”, pois “é através de declarações de guerra que faz declarações de amor”. Assim, no propósito de “explicar como uma mulher pode ser pura, quando as condições de vida lhe permitem o luxo da pureza, põe em cena um prostíbulo. Para explicar o milagre maternal de uma dama leva-a a viver entre bandidos”. Eis por que as pilhérias de Bernard Shaw, já o haviam notado, têm um sentido austero e suas piadas são sermões.
Discorrendo sobre André Gide, indagais de que Gide se pretende falar pois são muitos, nas infinitas mutações de sua força humana de inteligência e de sensibilidade. Desenhais sua figura complexa, desconcertante, de anjo sensitivo e, ao mesmo tempo, frio demônio racionalista que “vivendo o próprio mistério parece sempre tão simples e tão lógico no puro cristal de sua arte”. É claro e difícil de compreender. Na obra de Gide, assinalais, “o que anda, o que se agita não são os personagens, são os conceitos, as fórmulas, as teorias, as interpretações da alma”. Protótipo de homem inteligente, assim o explicais:
[...] quando digo inteligente, não falo do criador, do imaginador, do inspirado. Falo do homem que compreende, do homem que critica, do espírito que disciplina intuições, “experiências, impulsos, sentimentos, fantasias, ideias apanhadas no ar, nessas iluminações repentinas do gênio; que disciplina tudo isso à fria razão coordenadora, simplificadora, vivendo e entendendo a vida para explicar a vida”.
Agora, Pirandello. Esse é nosso velho conhecido. Estou a lembrar a visita que ambos lhe fizemos, no Municipal de São Paulo, aí pelo fim da década dos 20, onde uma companhia italiana representava algumas de suas peças. De estatura meã, cavanhaque petulante, olhos acesos, seu rosto tinha espantosa mobilidade. Disseste-lhe que ali estávamos para saudar o Shakespeare moderno e ele sorriu feliz. Mas, então, deixastes cair o reparo: “Há uma diferença, Shakespeare nunca foi senador.” Reagiu como se houvesse recebido uma estocada. Explicou que o assassinato de Meteotti provocara crise moral e política tão profunda que se sentiu no dever de ajudar o Governo, aceitando a nomeação para o Senado, pois temera o pior.
“Naturalmente, o Sr. é admirador de Bernard Shaw”, concluístes, apertando-lhe a mão.
“Colega”, respondeu.
Notais, de logo, que em Pirandello sua própria vida, sua personalidade são alheias à obra que escreveu. Pirandello é professor, preparado para afirmar ou negar, porém na Literatura recusa-se sempre a concluir. Escrevestes: “Cada uma de suas criaturas, tem uma certeza própria e diferente e, por isso mesmo, uma dúvida imensa paira sobre essas certezas que se contradizem e a verdade oscila como uma lâmpada trêmula, cuja luz se inclina de um lado para outro, ao sopro de qualquer afirmação ou negação.” È, como dizeis, um puro homem de letras, que cria pelo gosto de criar, pelo recreio do espírito, pelo sabor da aventura intelectual.
Tem fôlego de ensaio vosso prefácio de 1942 à versão brasileira de Zadig. A obra voltairiana parecia de destino encerrado, como o destino do século XVIII, porque, são vossas palavras,
[...] expressão de um tempo e de uma luta, ao fim dessa luta e desse tempo já não tinha outro sentido que o da arte realizada. O dom de influir fora trocado pela arte de encantar. A força transformara-se em graça. Desaparecido o antigo conteúdo que tanto pesava em cada linha, as suas páginas ficaram tão leves como papel de seda. Perdera-se até a marca inicial da criação. Tão cheia de intenções quando apareceu a pequenina obra demoníaca, tornara-se quase inocente.
Esquecera-se que Zadig “foi um momento da consciência humana”. Mas, nos idos de 1942, a treva nazista ameaçava cobrir o mundo, e, segundo acentuáveis, “da própria Europa criadora da ideia do indivíduo e da liberdade humana saía uma filosofia em que se anunciava a decadência do Ocidente e se restabelecia o predomínio dos mistos sobre os dados obtidos pela investigação e pela análise. Declarou-se a morte do espírito cartesiano”.
Semelhante a esse era o quadro intelectual, traçado por vossa pena, na Babilônia de Zadig onde
[...] não havia lugar para o sutil raisonneur, o pesquisador da Natureza. Diante dele, temíveis e dominadores, erguiam-se os mitos sagrados. Contra a razão investigadora invocava-se a autoridade dos bonzos, detentores e distribuidores exclusivos da Verdade. Os magos, em comunicação com o Infinito, recebendo-lhe as revelações eternas, desprezavam e oprimiam o espírito curioso que procurasse atingir por si mesmo ao conhecimento do relativo, do terreno e do humano. O homem de sabedoria, impotente e insignificante, só tinha por função o ornamento das festas e o recreio do Príncipe.
Desse modo, a significação política de Zadig atualizava-se, porque, assim concluístes, “se o dogma se impõe ao argumento ou à análise científica, o analista ou o argumentador terá de ser uma vítima lógica do dogmatismo instalado no poder”.
A revelação imediata em vossos trabalhos é do talento de escritor, a capacidade de exprimir, o sentido da cor e do peso das palavras. Esse talento já está presente no primeiro de vossos contos intitulado “O Homem e a Frase”, datado de 1927, cujo período inicial tem a graça de um achado literário: “Andava solta a alegria pela terra quando José Ferreira foi reassumir as funções de escriturário no Ministério após os meses de licença a que lhe deram direito dez anos de impecável burocracia.”
O tom luxuriante desse conto de estreia logo cede à limpidez e à energia de um estilo que agarra gente, ideias, sentimentos e paisagens com a segurança dos mestres no ofício de escrever.
É o dom de maturidade literária palpitante em vossa colaboração no Correio Paulistano, em plena força nas crônicas irradiadas da Cidade Maravilhosa e nas que se seguiram nos jornais, modelos aclamados do gênero, e tudo culmina em O Reino Perdido, o mais recente de vossos livros. Essas histórias de um professor de História constituem verdadeira criação literária pela beleza das evocações, pelo poder de fixar a juvenilidade dos alunos e também a circunspeção de professores e funcionários, a vivacidade, o movimento e os contrastes respirantes na atmosfera da escola. Entre esses contrastes estava o do professor – o mundo todo brigando na maior guerra da História e ele a lecionar a História que morrera: “os porta-aviões e os cruzadores em Guadalcanal, eu com as trirremes gregas, ofensivas e contraofensivas motorizadas nas estepes russas, eu a pé com as legiões romanas. O pó dos séculos mortos cobria a sangueira do presente nas aulas às meninas.”
Esse rio adolescente deixaria de correr um dia, pois, são vossas palavras de despedida,
[...] transformou-se num lago cristalino sobre o qual me debruço quando quero rever as de cova no queixo, as de pinta no rosto, as de olhar sonso, as de feições abertas, as estabanadas e as manhosas, as baixotinhas de busto erguido, as esguias ainda sem ondulações de seio, as de franja na testa, a de tranças, as de cabelos revoltos, a com a pelúcia de pêssego no antebraço, as meninas sempre meninas da Escola, as meninas que me reaparecem na ilusão de um abril que se foi, as reencontradas infantas do meu reino perdido.
Estais em vossa casa, Sr. Genolino Amado. Sede bem-vindo.
14/11/1973
FONTE: https://www.academia.org.br/academicos/genolino-amado/discurso-de-recepcao