ARQUIVO HISTÓRICO DO MUNICÍPIO DE ITAPORANGA D'AJUDA - CURADORIA: PROFESSOR ROBSON MISTERSILVA
ARQUIVO HISTÓRICO DO MUNICÍPIO DE ITAPORANGA D'AJUDA - CURADORIA: PROFESSOR ROBSON MISTERSILVA
SERAFIM VIEIRA DE ALMEIDA (1868-1955)
Filho do Dr. João Paulo Vieira da Silva e D. Rosa de Almeida Vieira Sobral, nasceu a 5 de abril de 1868 no Engenho Buraco, hoje Usina S. Carlos, no município de Itaporanga. Fez o seu curso de preparatórios no Parthenon Sergipense e no Colégio S. José, na Bahia, e sua educação profissional na Faculdade da Bahia, na qual doutorou-se em 11 de dezembro de 1888.
Seguiu logo depois de formado para Sergipe, onde clinicou na Cidade de Riachuelo até maio de 1890, quando transferiu-se para o Estado de S. Paulo, fixando residência em S. Carlos do Pinhal.
Quando acadêmico, em 1887, fundou na Bahia com alguns comprovincianos, o Clube Libertador Sergipense e filiou-se ao Partido Republicano, sendo um dos sócios fundadores do Clube Republicano Federal, fundado a 10 de julho de 1888, centro da propaganda na então província da Bahia. A 10 de março de 1889, quando residia em Riachuelo, foi eleito em sessão do Clube Republicano Laranjeirense, delegado ao Congresso Nacional, que realizou-se em 31 do mesmo mês e ano na capital de São Paulo. Ainda nesse mesmo ano foi Vice-Presidente do Clube Republicano de Riachuelo e Presidente da Câmara Municipal da mesma cidade, por nomeação do governo republicano.
Em S. Paulo tem militado nas fileiras do partido republicano. Por decreto de 18 de dezembro de 1891, foi nomeado membro da Intendência Municipal de São Carlos do Pinhal e durante a revolta de 6 de setembro contra o governo do Marechal Floriano Peixoto, serviu como delegado de polícia. Por duas vezes foi membro da diretoria republicana local e serviu como Juiz de Paz, eleito para o triênio de 1896 a 1898. Em dezembro de 1900 foi eleito vereador e esteve nesse cargo até 31 de dezembro de 1901, sendo reeleito sucessivamente para os triênios de 1902 a 1904 e 1905 a 1907.
Durante o ano de 1905 foi Presidente da Câmara. Como médico é bastante considerado e além da vasta clínica que tem, consagra grande parte do tempo ao Hospital da Santa Casa de Misericórdia, do qual é um dos médicos desde a sua fundação e foi o seu Provedor em 1903.
Com o aumento da corrente imigratória, o Dr. Carlos Botelho, secretário da Agricultura em São Paulo, querendo proibir a entrada de imigrantes tracomatosos no Estado, o nomeou médico encarregado do serviço de fiscalização, em Santos, a bordo dos vapores que conduzem imigrantes, comissão que desempenhou de 1º de fevereiro de 1905 a 30 de setembro do mesmo ano, voltando a clinicar em S. Carlos a 16 de agosto de 1906. Tendo sido criado pelo Governo do Estado o serviço de profilaxia e tratamento do tracoma, foi nomeado para a comissão de S. Carlos, onde tem prestado relevantes serviços, organizando rapidamente o serviço, sendo o Posto de S. Carlos o primeiro inaugurado no Estado. É sócio correspondente da Sociedade de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro: sócio correspondente da Academia Paulista de Medicina e efetivo da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
Assíduo colaborador da “Revista Médica”, de S. Paulo desde o ano de 1903, assina sempre os seus trabalhos com a sua rubrica. É especialista em operações, partos, moléstias de senhoras e moléstias externas dos olhos. Em 1910 fez uma viagem à Europa, onde por 11 meses aprofundou os seus estudos clínicos, freqüentando os mais acreditados hospitais e estabelecimentos terapêuticos do velho mundo, tendo feito os cursos dos Professores Pozzi, Albarran, Marion, Manclaire, Raul Bar e outras notabilidades. Organizado o VI Congresso Brasileiro de Medicina e Cirurgia, em S. Paulo, foi escolhido para o cargo de Secretário da seção de oftalmologia.
Escreveu:
– Responsabilidade médica. Tese apresentada à Faculdade de Medicina da Bahia em 11 de agosto de 1888 a fim de obter o grau de Doutor em Medicina. Bahia, 1888, Tipografia dos Dois Mundos, 73 páginas.
– Acidentes ocasionados nas crianças pelo clorureto de etila como anestésico geral.(“Revista Médica de S. Paulo, nº 12 de 30 de janeiro de 1903).
– Um caso de etiomene da vulva acompanhado de tumor clitoridiano. Publicado anteriormente na “Revista Médica”, de S. Paulo. Brochura de 24 págs. in. 12º e 2 gravuras. S. Paulo, 1904, Escola Tipográfica Salesiana.
– Técnica e indicação da curetagem do útero. “Revista Médica”, de S. Paulo, nº 2, de 31 de janeiro de 1905.
– Estudo Clínico sobre o Tracoma: Sua profilaxia no Estado de S. Paulo. (Publicado anteriormente na “Revista Médica de S. Paulo”, nº 14 de 31 de julho de 1905, e ampliado com diversos anexos). Brochura de 61 págs. in. 12º. S. Paulo, 190S. Tipografia Brasil de Carlos Gerke & C. Rotschild.
– O Tracoma em S. Paulo. Revisão mosográfica e estudo clínico. Trabalho apresentado ao 6º Congresso Brasileiro de Medicina e Cirurgia, realizado em S. Paulo em setembro de 1907. S. Paulo, 1908, 25 págs. in. 8º. Tipografia Brasil de Rotschild & Cia.
– Varíola ou varicela? (Polêmica científica). S. Paulo, 1908, 30 págs. in. 8º. Duprat & Cia. Traz juntamente as assinaturas dos Drs. Deolindo Galvão e A. Xavier Gomes.
– Acidentes da cloroformização. Trabalho apresentado ao 7º Congresso Brasileiro de Medicina e Cirurgia reunido no ano de 1912 em Belo Horizonte. Extraído da “Revista Médica” de S. Paulo, nº 11 de 15 de julho de 1912. S. Paulo, 1912, 46 págs. in. 8º. Tipografia Brazil de Rotschild & Cia.
– Embalsamamento. S. Paulo, 1915. 22 págs. in. 8º pq. Tipografia Brazil, de Rotschild & Cia.
– Gangrena pulmonar. Rio, 1918, 10 págs. in. 8º. Tipografia Besnard Fréres.
– A luta contra o tracoma no Estado de S. Paulo. Trabalho apresentado ao Congresso do Tracoma, anexo ao 8º Congresso Brasileiro de Medicina e Cirurgia, reunido no Rio de Janeiro em outubro de 1918. Na “Revista do Brasil”, S. Paulo, vol. XII, págs. 135 a 144.
– Cocaína e cocainomania. Rio, 1920, 16 págs. in. 8º. Publicação extraída do Brasil Médico, nº 15, de 10 de abril de 1920.
– Manual de embalsamamento. S. Paulo, 1924, 52 págs. in. 16º. Tip. Ideal 2ª Edição com algumas modificações do trabalho publicado em 1915, intitulado Embalsamamento.
Faleceu em São Carlos (São Paulo), em 20 de junho de 1955.
Serafim de Almeida Vieira
publicada em 1915, oferece um mergulho nas técnicas e nos princípios que orientavam o embalsamamento, abordando um tema que une ritual, ciência e história.
Ruínas do Antigo Engenho São Carlos, onde nasceu Serafim de Almeida Vieira