ARQUIVO HISTÓRICO DO MUNICÍPIO DE ITAPORANGA D'AJUDA - CURADORIA: PROFESSOR ROBSON MISTERSILVA
ARQUIVO HISTÓRICO DO MUNICÍPIO DE ITAPORANGA D'AJUDA - CURADORIA: PROFESSOR ROBSON MISTERSILVA
BALTHAZAR DE ARAÚJO GÓIS (1853 -1914)
Balthazar Góis formou-se no Atheneu e lá chegou a ser professor, lecionando Português, Geografia Geral e Astronomia
Atheneu na época de Balthazar Góis
Na Escola Normal, Balthazar lecionou Português e Pedagogia.
Balthazar Góes é o patrono da cadeira número 40 da Academia Sergipana de Letras
ALGUNS TEXTOS SOBRE BALTHAZAR GOIS
Balthazar de Araújo Góes nasceu no município de Itaporanga na Província de Sergipe. Formou-se em Humanidade no Atheneu Sergipense. Seu primeiro emprego foi aos 16 anos como funcionário público exercendo “o lugar de Correio da Alfândega”, entre os anos de 1871 e 1872 substituiu o professor da primeira cadeira primária na capital, gratuitamente no Curso Noturno de Adultos. Em 1882 foi promovido a cadeira de Francês e Aritmética na cidade de Laranjeiras, ministrou também Geografia e Astronomia no Atheneu Sergipense, Português e Pedagogia na Escola Normal. Segundo as pesquisas da autora, após a morte de seu pai (em 1877) assumiu a responsabilidade financeira da família, e nesta época trabalhou na Tesouraria Provincial (concurso público); no entanto, foi demitido por questionar seu superior sobre transcrever os erros de português que este ditava a Góes. Favorecido com diversos talentos circulou por vários setores da sociedade sergipana, tais como: administrativos, literários, pedagógicos, e tantos outros, a saber Diretor do Liceu de Laranjeiras (1883), do Atheneu Sergipense (1901-1904), da Instrução Pública do Estado de Sergipe (1905), Dos Grupos Modelo e Central anexos à Escola Normal (1911). Foi membro de diversas sociedades: Teatro São Salvador, Filarmônica Enterpe, Clube de Letras e Artes e do Clube Democrático “O Republicano” (onde foi atuante). Foi jornalista dos ‘O Presente’ (1877-1878), ‘Correio de Sergipe’ (1890), ‘O Horizonte’ (1885-1886), ‘O Larangeirense’ (1887-1888), ‘O Republicano’ (1888) e ‘O Provir’ (enquanto estudante do Atheneu Sergipense). Balthazar Góes, homem franco, não se fazia de rogado ao expressar suas opiniões acerca dos amigos, da política, educação e outros temas que necessitassem ser observados. Decepcionado com os remos da política retira-se de cena dedicando-se ao magistério. O intelectual Balthazar Góes falece em 1914, deixando sua marca em artigos de jornais, relatórios, pareceres e em sua “Apostilla de Pedagogia” (1905). O manual de Balthazar Góes está organizado em três partes, as sejam: Educação Phisica, Educação Moral e Educação Intellectual. Além de iniciar pelo “Prolegomenos: Pedagogia. Noções de Psychologia”, o autor apresenta uma série de conceitos que serão utilizados no decorrer do livro. Na primeira parte, Góes (1905) apresenta vários aspectos sobre a educação física como os primeiros educadores, sua importância e finalidade, a nutrição, hábitos, meios de conservação, vestuário e tantos outros; na segunda parte, Educação Moral, são explanados os objetivos desta educação, suas necessidades, a posição da família nestes aspectos, costumes, caráter, castigos físicos, educação feminina e outros; na terceira, Educação Intellectual, são tratados de temas sobre instrução e educação intelectual, didática, metodologias e outros. Além de acrescentar ao fim do livro fichas de matrículas, cadernetas de notas e prêmios.
Na última parte, intitulada “Educação Intellectual”, o assunto que mais nos chamou a atenção foi o segundo capítulo. O autor apresenta vários conceitos sobre metodologias de maneira a instruir os futuros professores. Inclusive apresenta os métodos (Modos, título dado pelo autor): individual, simultâneo, mútuo e misto, abrindo uma “secção” denomida “Methodologia Especial”, em que debate sobre o método intuitivo ou “lições de coisas”, define e explica como ensinar cada disciplina mediante esse método. O autor se faz presente em toda obra e percebemos sua inclinação ao método intuitivo, sua explicação detalhada como apresentar as coisas para que o aluno descubra suas características. Bem como sua experiência como professora do magistério, podemos observar tal fato por meio da pouca utilização de referencia a outros trabalhos da área. Com relação à Aritmética, Balthazar Góes (1905, p. 90), explica que “deve ser o mais pratico possível, e tanto quanto possível, objectivo”. Segundo o autor, as crianças não têm as habilidades ainda desenvolvidas para compreender os conceitos mais complexos, indicando como auxílio ou complemento o manual de Calkins. Informa que o professor inteligente é aquele que utiliza material diversificado para melhorar a compreensão de seus alunos, são estes: “o contador, o quadro de caravelhas, cubos, espherasinhas, seixinhos, sementes, tabuasinhas etc.” (GÓES, 1905, p. 90). Dispondo desse material, o autor sugere como a utilizar para contar, comparar, separar e outras competências atribuídas nessa aprendizagem. E só, então, aprenderiam as quatro operações “objectivamente”. Assim, gradativamente, aprenderiam noções de unidade, quantidade e números de forma a conseguirem a abstração, mas sem perder o sentido prático de método intuitivo. Na concepção de Góes (1905), o ensino das frações seria mais simples por meio das “cousas” e materiais utilizados para favorecer a compreensão, apresenta também exemplos de como ensinar cada conteúdo de Aritmética. Em relação ao sistema métrico, o ensino tem de ser objetivo encaminhando sua aplicação às coleções de pesos e medidas, a exemplo da balança. Mesmo na lição de coisas há a necessidade de teorizar os conteúdos, mas o autor sempre enfatiza sua praticidade e o uso de exemplos simples. Observando a organização do manual, o ensino de Geometria é realizado juntamente com o ensino de Desenho Linear por meio das formas das figuras: círculo, quadrado, triângulo e retângulo. Até por que tais formas estão presentes na natureza, na arte, na escola, por toda parte e o autor completa “a juventude os tem sob os olhos” (GOES, 1905, p. 93), privilegiando o aprendizado racional e eficaz. Assim, pode-se concluir que “para um mestre intelligente é o bastante. Ensinae com gosto e aprendereis a ensinar” (GOES, 1905, p. 92). São algumas das lições de Balthazar Góes.
Fonte: Matos, Andrea M. dos S et alli. BALTHAZAR GÓES: ENTRE MÉTODOS, MANUAIS E O ENSINO DA ARITMÉTICA. IV Colóquio Internacional "Educação e Contemporandeidade". Disponível em: https://ri.ufs.br/bitstream/riufs/10183/43/117.pdf.
Capa do Manual de Balthazar Góes Fonte: Acervo da Biblioteca Epifânio Dórea.